setembro 30, 2004

Pensamento do dia

"Há pequenas coisas na Vida que ainda nos podem trazer momentos puros de Felicidade."

Pronto, não é bem um pensamento, é uma mera constatação.
Pena é que esses momentos sejam depois ensombrados por realidades mesquinhas.

Ao que isto chegou...

_ Então, ficaste em que escola?
_ Estou desgraçada, fui parar a Lisboa!!
_Mas como é que isso te aconteceu, pá? Ficavas sempre aqui perto, o M. é funcionário público tb...
_ Nem me fales disso! A preferência conjugal agora não vale quase nada. Ainda tentei por causa da doença do M., mas o Dr. J lixou-me... Olha lá, tu tens a mania que ele é boa pessoa e tal, até és amiga dele! Queres saber o que ele me arranjou?
_Quero... mas que raio de doença tem o teu marido? Que te fez o Dr. J?
_ Então, tu não sabes que ele tem sempre os açúcares assim pró alto, é quase diabético...
_ Ai é "quase"? Não sabia...
_ Pois é!! E esse teu amigo, quando lhe fui pedir uma declaração em como eu precisava de ficar ao pé de casa para poder fazer um almoço de dieta ao M todos os dias, sabes o que ele me fez? Tratou-me mal!!
_ Quê? Mas os diabetes do M. atacaram-lhe as mãos?? Ele não pode cozinhar?
_Cala-te, estúpida!


Um bocadinho de vergonha na cara não faz mal a ninguém, pois não?

setembro 28, 2004

Alheiras

Pois é, um doente ofereceu-me hoje umas quantas. Das verdadeiras, de Mirandela.
Comi mais colestrol hoje ao jantar que o resto do mês todo junto.
Estou enjoadíssima e amanhã vou fazer hora extra no ginásio.
Raios!

setembro 27, 2004

Sem título

Anda um país inteiro_ o nosso país_ a falar na pequenita que morreu, supostamente, às mãos da mãe. Fala-se disso no emprego, nos cafés, nas paragens de autocarro. Gosta-se de remexer em desgraças alheias.


Mas há uma coisa que me choca verdadeiramente: a romaria que se tem feito para ver o local onde tudo se passou. Pessoas de todo o país vão ver reconstituições do crime e levantar tampas de esgoto, com uma ar de censura e uma lágrima ao canto do olho. Mas esta gente não tem mais nada que fazer? Até onde vai a morbilidade das pessoas? Qual o prazer que retiram daquilo?


Começo a pensar que o direito à informaçao não deveria ser igual para todos. E isso assusta-me.

setembro 26, 2004

Porque o mar é azul


Apeteceu-me parar o tempo.
Deixar que o mar, revolto como os meus pensamentos, se apropriasse de mim e me envolvesse com braços de espuma branca , num perpétuo vai vem como dois amantes presos num movimento de amor. As gotas salgadas seriam pedaços do acto, intemporal, fugaz, eterno.
E o turbilhão que está dentro de mim poderia, finalmente, acalmar; num sono de sonhos que, de tão impossíveis, eu trago comigo mesmo acordada.
E, quando o mar acalmasse, seria invadida por aquele azul intenso que,só por si, me traz o mais tímido sorriso.

setembro 23, 2004

Esclarecimento

E lá fui eu ao banco, durante a hora de almoço, para ver o dito cartaz:

1- A moça é mais nova que eu.
2 - A moça é mais gira que eu.
3 - Os óculos são só parecidos.
4 - O meu cabelo é mais preto.
5 - Apesar disso , somos muito, mas muito parecidas mesmo.
6 - A minha mummy já não me conhece. SNIFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF!!!!

setembro 22, 2004

Acontece-me cada uma....

Estava eu, há pouco, sentadita ali no sofá quando toca o telemóvel.
_É a mummy,pensei eu... E era:
_ Olha lá, quanto é que tu ganhaste para fazer aquela publicidade do BNC?
_Hã? Tás doida?
_ Pois, passei aqui agora à porta do banco e estás lá tu num cartaz, com os óculos de sol que compraste este ano, a rires, dentro do carro.
_Quê? MAS QUE RAIO DE CARTAZ É ESSE? Eu não fiz publicidade nenhuma, bolas!
_ Não sei nada disso. Sei que sou tua mãe e te conheço.. É uma publicidade a umas contas especiais quaisquer. Está aqui e deve estar espalhada pelo país inteiro...
O melhor é amanhã passares por lá e esclareceres isso...


Isto só comigo...

Ano escolar

Fizémos a EXPO 98 e foi um sucesso.
Organizámos um campeonato europeu de futebol que foi, a todos os níveis, irrepreensível.
Será assim tão difícil colocar 50.000 professores?
Haja paciência...

setembro 21, 2004

Depois da tempestade, a bonança

Porque nos apercebemos que é no meio de agitações anteriores que descobrimos, muitas vezes, verdadeiras soluções.
Os pequenos problemas do dia-a-dia tomam proporções dantescas porque nos recusamos a olhar de frente os verdadeiros problemas. Mas são esses que nos corroem se não os olharmos de frente;há que chamar as coisas pelos nomes;ter a certeza do que se quer; e seguir o caminho traçado. Sem medo de ser injustiçado.
Porque, afinal, a consciência está tranquila.

Este blogue começa a parecer um diário. E não gosto disso.

setembro 20, 2004

Já vos aconteceu terem daqueles dias em que parece que merda nenhuma corre bem? Nenhuma mesmo?Ora foda-se!!

setembro 19, 2004



Há certos dias no final de cada Verão que nos fazem querer que o Inverno não venha. Porque a temperatura, amena, é propícia a caminhadas bucólicas. Depois do almoço passeei nestas margens lentamente, sem pressas, com um sorriso nos lábios. O sol ia espreitando por entre as folhas das árvores, brincando na minha pele em jogos de luz. Apetecia-me tirar os sapatos e caminhar na beira do rio, sobre as pedras redondas e deixar que o frio das águas me trouxesse a realidade de volta. Não o fiz. Não faz mal prolongar o sonho mais um bocadinho, pois não? Sabia que, quando chegasse ao fim do caminho, teria que acordar...

setembro 18, 2004

Vindima


Estou lixada, pensei. Logo eu, que nem gosto daquele vinho caseiro e não tenho a menor vocação para trabalhos agrícolas! Mas ordens de patriarca são inquestionáveis ( principalmente nestes assuntos ) e apresentei-me ao serviço perto das 10 da manhã; sim, porque trabalhei a semana toda que nem uma galega e não sou de ferro. Precisava de dormir um bocadinho.

De balde e tesoura em punho, lá fui eu terreno abaixo. À medida que ia descendo, um suave perfume a uvas maduras invadiu-me as narinas. Os cachos das uvas, grandes e doces, eram, afinal fáceis de apanhar e como o calor não era muito a coisa até poderia ter corrido bem. Digo poderia porque uma população de abelhas não achou graça nenhuma que lhes estivessem a levar o alimento e começou com ares ameaçadores à minha volta, qual dança tribal de guerra. A coisa correu bem durante uma hora ou mais, com uma absoluta ignorância da minha parte.Mas, de repente, senti uma picada aguda num dedo. Devo esclarecer que só tinha sido picada por uma abelha uma vez, em criança e não tinha a menor recordação do quão doloroso é. O certo é que dei um grito enorme e corri direita ao garrafão da água para meter o dedo lá dentro. Coisa a que os meus colegas apanhadores de uvas não acharam grande piada, porque a água era para se beber e as minhas mãos não estavam exactamente lavadas. Valeu-me depois o bendito Fenistil Gel.

Uvas apanhadas, horas depois, pensei que o meu sossego tinha voltado. Enganei-me. Era preciso pisar as uvas ainda hoje, disseram-me. Ora,se há coisa que uma mulher não aguenta é olhar para os pés e vê-los sujos e vermelhos. Ainda fiz birra, mas não me ligaram importância nenhuma. E , à parte um tremendo bate cú que não dei dentro do lagar graças à parede mais próxima, achei divertido andar ali a chafurdar no mosto. Principalmente porque o vermelho dos pés saiu só com água.

Foi um dia divertido, sim senhor.
(Principalmente porque só se apanham uvas uma vez por ano)

setembro 16, 2004

Pela boca das crianças vem a verdade ao mundo

_ Ó mãe, onde estão os calções que eu gosto?
_ Estão para passar a ferro. Tens lá mais, veste outros.
_ Ó mãe, o que é o jantar?
_Não sei, trabalhei todo o dia estou cansada. Encomendo qualquer coisa.
_Ó mãe, tu não consegues sobreviver sem empregada!!!

Volta Tina, que estás perdoada! Deixa a vindima e volta, por favor!!! Eu não tenho vida para isto, não tenho mesmo...
Diabo de semana que nunca mais acaba....

Senti frio esta noite. Enrolei-me nos lençóis e cobertores em vão, o frio vinha de dentro.
Hora após hora, senti a tua falta ali, ao meu lado, para que pudesse enroscar em ti e deixar o teu corpo aquecer o meu.
Até que o sono venceu e nos juntou. Sonhei contigo.
Hoje não há blogue.
Estou com preguiça.
Deu-me "uma branca". Apesar de esta expressão ser das mais desadequadas que conheço, porque a ausência total de cor (logo, das ideias) é o preto. Deveria, portanto, dizer-se: deu-me uma preta.
Mas, no fundo, acho que foi mesmo uma branca que me deu: um emaranhado de pensamentos que não consigo puxar pela ponta e fazer sair de forma ordenada e conexa.
Vão ler outros blogues, fazer essas coisas giras que se costumam fazer na Internet que isto hoje está encerrado para balanço, ó fregueses.

setembro 14, 2004


Onde vais?
Eu estou à tua espera, presa numa vida sem sentido. A minha vida.
Deixa-me olhar-te nos olhos e mergulhar nessa calma transparente que só tu me dás.
Vem cá, não fujas!
É só um bocadinho...
Não vens?
Então fico aqui, à espera. Sozinha.
À minha espera.

setembro 13, 2004

Saúde...que saúde?

A corja que foge aos impostos vai agora também ter saúde à borla.

Aqui a estúpida, a quem toda a gente pede recibo e tem que declarar cada centavo que ganha, deve levar o Golden Card. Pago a minha saúde , a da vizinha do 2º esquerdo que está reformada por invalidez mas tem mais saúde que eu e a do empresário do 3º direito a quem a vidinha correu mal mas acabo de comprar um Mercedes novinho em folha.

Querer implantar diferenças de escalões nas taxas moderadoras e serviços de saúde com base na declaração de IRS de cada um sem reduzir drasticamente a fuga ao fisco é, no mínimo hilariante. Pagam sempre os mesmos, como de costume. Não necessariamente os que mais podem.

Alterações

Mudei o background do blog.
Afinal, temos que nos preparar para o Outono / Inverno.
Para mim está mais bonito. Queria ter mudado o título também mas fiz ali uma borrada de todo o tamanho e, se não fosse um amigo que percebe disto à brava, o blogue estava lixado.

Por agora fica assim.

setembro 12, 2004

A música que não me sai da cabeça...




"Behind Blue Eyes"

No one knows what it's like
To be the bad man
To be the sad man
Behind blue eyes
And no one knows
What it's like to be hated
To be fated to telling only lies


But my dreams they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance
That's never free

No one knows what its like
To feel these feelings
Like i do, and i blame you!
No one bites back as hard
On their anger
None of my pain and woe
Can show through


Discover l.i.m.p. say it [x4]
No one knows what its like
To be mistreated, to be defeated
Behind blue eyes
No one knows how to say
That they're sorry and don't worry
I'm not telling lies


No one knows what its like
To be the bad man, to be the sad man
Behind blue eyes.

A minha amiga L.

A L. é uma daquelas pessoas a quem chamo amiga. Fomos colegas de escola , de adolescência, de secredos, de cumplicidades. Estudámos na mesma altura em Lisboa, mas depois as circunstâncias da vida fizeram com que eu voltasse para esta parvalheira-fim-de-mundo e ela ficasse por lá.
Tem o péssimo hábito de estar meses sem aparecer, sem dizer nada e depois, às horas mais incríveis, liga como se tivesse saído de minha casa na véspera. Mas não faz mal, que eu faço o mesmo com ela. Podemos estar muito tempo sem nos falarmos, mas retomamos a conversa como se fosse diária.As amigas são assim.


Mas adiante: A L. tem uma brilhante carreira, ao contrário da sua vida sentimental que, de brilhante, não tem nada. Relações começadas, acabadas e reatadas ou esquecidas fazem parte do seu dia a dia com uma calma impressionante. E vai mudando de tipo de homem de forma assaz interessante, com algumas avis raras pelo meio.
O último tinha todo o tipo de lhe ter batido à porta para fazer a contagem da luz. Mas parece que não, que se conheceram num bar qualquer com jazz pelo meio. Quando me perguntou o que eu achava dele ( pergunta sempre) eu, cuidadosa, respondi: Ó pá, ele tem uns olhos giros e isso, mas sobre o que é que vocês conversam? Mas vi o ar desapontado dela e calei-me. Não se deve nunca contrariar uma mulher apaixonada.


Esta noite ,tinha eu acabado de me deitar, toca o telemóvel. Duas da manhã. Ok, ou é desgraça ou é a L, pensei. Não é impossível seram as duas coisas num telefonema só, note-se.
Era ela: Acabei tudo! Isto assim não pode continuar, estou a bater no fundo, é impossível ter caído tão baixo.
_Ó Rapariga, mas acabaste porquê? O que é que aconteceu?
_Sou uma estúpida, uma parva, não tenho juízo nenhum. Mas eu andava carente e ele parecia-me tão diferente, tão interessante...
_Tá bem, mas conta lá porque é que acabaste.
(pausa)
_ Olha que eu só te conto porque sei que me conheces bem e me vais perceber....
_Pois conheço. Vá, desembucha e depressinha.
(nova pausa)
_Foi assim: Nós estávamos na cama e as coisas estavam a correr muito bem e, quando eu estava quase lá, tu sabes o que ele me disse?
_ O que foi?
_Vamos-se vir os dois ao mesmo tempo...
_ "Vamos-se"?
_ Assim mesmo! Vamos-se!!
_ E o que é que tu fizeste?
_ Então, que querias que eu fizesse? Saltei da cama, vesti a roupa e vim-me embora. Vamos-se??? Sou mesmo idiota, eu....

setembro 11, 2004

Poste em branco

A minha inspiração para a escrita, já de si fraca, está numa autêntica travessia do deserto.
Não me apetece expôr o que me vai cá dentro a terceiros, ver lida por quem quer a minha intimidade. Porque este blogue é, algumas vezes, um espelho de mim.
Assim, os postes intimistas irão ficar na gaveta e, como não me apetece falar de assuntos da actualidade, hoje a coisa fica por aqui.
Vou estender-me no sofá a ouvir aquela música dos The Who que os Limp Biskit agora tocam: "Behind Blue Eyes".
Não me sai da cabeça há uns poucos de dias, o raio da música... dou comigo a trautear isto de manhã à noite.
Aliás, acho que ando a enlouquecer ( o que não é , necessariamente, mau sinal): acordei às 8 da manhã e já não consegui dormir mais . Levantei-me e, perto das 10 horas, estava na sala a dançar e a cantar com os James "Getting away with it". Isto a um sábado de manhã....

setembro 10, 2004

Nova carta aberta ao nosso Primeiro

Desculpe o incómodo, doutor, mas assaltam-me umas certas dúvidas acerca dessa sua ideia aumentar as pessoas consoante a sua produtividade. A bem dizer, faz-me muita impressão, pronto. Senão, vejamos:
_ A produtividade de um professor avalia-se como? Pelo número de alunos com aproveitamento que tem? Pelo número de turmas que lecciona num ano lectico?E se ele tem o azar de ter uma turma desinteressada, por maior que seja a sua dedicação? É penalizado monetariamente por isso?

_ E a produtividade de um médico? Avalia-se pelo número de altas hospitalares que dá? Pelo número de doentes que consulta por dia, independentemente da qualidade das mesmas?

Sabe, doutor, é que nem tudo podem ser números neste país. Principalmente quando se lida com pessoas...

setembro 08, 2004

Dia Mundial da Fisioterapia



Tinha este poste feito em rascunho e, se não fosse o Gonçalo, esquecia-me de o publicar. Felizmente o blogger permite-nos colocar os postes na data certinha :-)

Não vou falar nas agruras e diabruras da Fisioterapia e dos Fisioterapeutas, senão este poste tornar-se-ia infindável.
Duas considerações, apenas:

_ Gosto muito do que faço.

_ Deixem-nos criar a Ordem dos Fisioterapeutas, para que possamos pôr a Fisioterapia em ordem.

setembro 07, 2004

Tempo Interior



Muito nublado, com fortes probabilidades de chuvas intensas capazes de causar estragos.
Fracas possibilidades de melhorias nos próximos dias.


setembro 06, 2004

Diário

Acordar de madrugada
Não conseguir dormir mais
Não pensar.

Levantar
Trabalhar
Estás com má cara.
Sorrir
Fingir
Não pensar.


Deixar o dia passar
Não comer
Trabalhar
Trabalhar
Regressar
Ginásio
Cansar
Deixar de pensar
Jantar
Cinema
Descansar
Não descansar?
Acordar de madrugada
Não pensar.


setembro 05, 2004

Esclarecimento

Depois de alguns mails recebidos ( poucos, é certo), isto tem que ser dito:
Não assumam os postes que faço como um estado de espírito pessoal.
Escrevo indiferentemente na primeira ou na terceira pessoa, sem que aquilo que escrevo tenha a ver directamente com o que sinto. E obrigada pela preocupação :-)

Amores eternos



Hoje fui passear com os pequenitos. Gosto de fazer passeios com histórias pelo meio e, enquanto conduzia, falei-lhes de reis e rainhas, tempos idos de casamentos lícitos e amores ilícitos.

Contei-lhes a história de D. Inês de Castro e D. Pedro, expliquei-lhes as pressões das conveniências, da corte, da época em que tudo aconteceu; e eles falaram da força do amor. Que não deveria ser assim,que se deveria poder estar com quem se gosta. Mas falaram entre sorrisos, um ar muito entendido demonstrativo que , para eles, aquilo foram coisas passadas há já muito tempo e que hoje os sentimentos reinam nas escolhas que se fazem, sem contratempos.

Mas, deliberadamente, omiti duas coisas: o destino do nosso passeio e o final da história de amor. Parei no assassinato de Dona Inês.

E rumei a Alcobaça, onde o mosteiro nos esperava, imponente, mas rodeado por obras intermináveis.

Quando entrámos no mosteiro , entre muitos turistas, fizémos a visita por todas as salas e deixei propositadamente a nave central para o fim.
Atravessando a imponente igreja, em silêncio, intimidados com tamanha grandeza, deparámo-nos com os dois túmulos dos amantes intemporais. Levei-os a ler a identificação de quem se encontrava ali sepultado. Arregalaram os olhos, os dois. Sentámo-nos num banco , junto ao altar principal e, em surdina, acabei de contar a história. Atónitos, olhavam de túmulo em túmulo e a pequenita pediu: Podemos ficar aqui só mais um bocadinho, mãe?

Agradeci-lhe, intimamente. Porque me apetecia ficar ali e partilhar aquela história. Porque é preciso acreditar que há amores que são eternos...

setembro 03, 2004



Levam-me convosco?
Para longe do frio que vai chegar e que me transforma num ser solitário, fechado no meu último reduto de sentimentos.
Deixem-me partilhar a viagem sob esse céu azul, acompanhada de seres iguais a mim e a vós .
Eu faço crescer as asas para que o sol as aqueça, para que o sangue corra mais rápido , para que não me falte a força.
E, ao chegarmos ao destino, ajudem-me a poisar... e despeçam-se de mim.

Amizade

(...) "Anda brincar comigo _ pediu-lhe o principezinho._Estou tão triste...
_Não posso brincar contigo _ disse a raposa. _ Ainda ninguém me cativou...
_Ah! Então desculpa! disse o principezinho. Mas pôs-se a pensar, a pensar , e acabou por perguntar: _ Cativar quer dizer o quê? (...)
_É uma coisa de que toda a gente se esqueceu _ disse a raposa. _ Quer dizer " criar laços"..
_ Criar laços?
_ Sim, laços _ disse a raposa- _ Ora vê: por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativares, passamos a precisar um dou outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única para ti.
_ Parece-me que te estou a perceber _ disse o principezinho. _ Sabes, há uma certa flor...tenho a impressão que ela me cativou." (...)

in, Le Petit Prince, Antoine de Saint-Exupéry


Um dos trechos literários que nunca me sai da cabeça. Hoje, mais do que nunca, lembrei-me dele.

setembro 02, 2004

Outonos



Queria passear nesta alameda com passos lentos, para que os meus pés se fundissem com as folhas caídas no chão. Assumia as cores deste Outono, cores fortes para sentimentos proscritos. De vez em quando um tronco forte, de raízes presas à terra, servir-me-ia de apoio na volatilidade dos meus passos. Caminhada etérea para um destino incerto, semeado de brisas que levantariam as folhas mais pequenas e leves. Como os sentimentos. Que os mais profundos ficariam enterrados no caminho que leva à incerteza.

setembro 01, 2004

Hoje não me apetece escrever.
Estou farta de discussões sobre o aborto por parte de políticos de treta que nunca transportaram uma criança no ventre nem nunca saberão quão difícil é a uma mulher tomar uma decisão dessas.
Estou chocada ao ver crianças serem usadas como reféns numa guerra que não é delas.
Pessoas lindas, com tudo para serem felizes, têm as vidas estragadas por caprichos de terceiros que deveriam ter participaçao directa nessa felicidade.
Não, não é para perceber. Merda.