maio 31, 2005



... porque o que me percorre é como a água calma de um lago, protegido no regaço de sólidas rochas como se de um envolvente abraço se tratasse...

...abraço fechado em mim numa força que não magoa, mas sim aquece o corpo e a dor...

...dor que se vai, devagar, esvaindo-se em beijos, carícias e desejos a dois numa entrega completa corpo a corpo, suada de forma tão boa...

... corpo tranquilo depois do fogo sentido, mãos unidas, dedos entrelaçados até à alma, um só ser formado de dois pedaços distintos que se olham nos olhos...

...olhos azuis que dão a tranquilidade do lago quando penetram fundo nos meus, castanhos de madeira escura, numa simbiose de cores, sentidos e sentimentos...

... arco íris de emoções.

maio 29, 2005

A preguiça e a falta de tempo quebram o ritmo deste blog.
But I'll be back...

maio 24, 2005



Começou devagar, sem se dar por ele. Uma suave brisa fazia ondular a cortina do quarto onde tentava descansar, sem sucesso. Sentiu um arrepio de frio; não gostava de vento, deixava-a com os nervos à flor da pele. Acabou por fechar a janela e aninhou-se de novo na cama, adormecendo de seguida.

Acordou sem a menor noção do tempo passado, não sabia se tinha dormido horas ou apenas minutos. O vento, em fúria, abanava o caixilho de madeira da janela antiga, já com algumas folgas, ameaçando entrar a qualquer momento e invadir-lhe o espaço e o pensamento. Levantou-se amedrontada e espreitou a rua: as árvores pareciam gemer, curvadas perante a tempestade, folhas secas giravam no ar e as raras pessoas que passavam pareciam andar sem que os pés tocassem o chão. Fechou rapidamente as portadas interiores; em vão. A ventania assobiava por entre frestas como que numa tentativa de entrar e envolvê-la na luta entre os elementos da Natureza.
Meteu-se na cama e tapou-se totalmente à espera que tudo acabasse. Aos poucos, o vendaval foi acalmando até que os pássaros anunciaram, chilreando, o fim da ventania. Saiu, a medo, do abrigo e tudo recomeçou: o vento, os assobios, a instabilidade do clima.
Até que percebeu que a tempestade estava dentro dela e não na rua.

The dark side of de sun



Por mais brilhante que seja uma fonte de luz, tem sempre um lado negro. Pode vir até da própria luminosidade, ao encandear-nos e obrigar-nos a fechar os olhos. É uma defesa, o instinto natural a trabalhar por nós.
Mas doseada, a luz aquece-nos e torna-se fonte essencial de vida. Transforma-nos, ajuda-nos a crescer e faz-nos sentir felizes.

maio 23, 2005

Futebolices

E pronto, o Benfica lá quebrou jejum.
Eu sei que parece mal uma portista dizer estas coisas, mas só para ver brilhar os olhitos de um benfiquista ferrenho e sofredor de catorze anos, valeu a pena.

maio 19, 2005



Deitou-se na areia naquela noite de lua cheia, completamente nua, ouvindo o rebentar contínuo das ondas de um mar tão perto de si. O dia , escaldante, tinha-lhe coberto o corpo de gotículas de suor que a deixaram molhada e de cabelos colados. A areia, ainda quente, cobria-lhe o corpo e secava-lho numa sensação agradável. Rebolou até à beira mar e deixou que as águas tépidas a envolvessem e refrescassem, deixando-se ficar assim horas a fio.


Uma suave brisa percorreu o ar, arrepiando-a e trazendo-a de volta à realidade.
Suspirou; estava na hora de partir. Uma a uma, pegou nas poucas peças de roupa e começou a vestir-se lentamente, tentando prolongar aquele momento. O corpo, ainda húmido, colava-se salgado aos tecidos.


Guiou até casa e entrou pé ante pé, para não acordar ninguém. No quarto, atirou a roupa para o chão, em desalinho, tomando de seguida um duche rápido antes de se meter na cama. Os cabelos dela, ainda molhados, roçaram no peito dele quando se aninhava, acordando-o. Sorriram-se.
Então, já fizeste as pazes com o Verão?_perguntou ele com voz sonolenta,enquanto a abraçava, adormecendo sem sequer ter tempo para ouvir a resposta.
Resposta que ela não deu, porque se afundou ainda mais nos braços dele, adormecendo logo de seguida.

maio 18, 2005

10 000

Espreitei aqui agora e vi com o contador em 10 016 visitantes.
Obrigada à meia dúzia que tem a paciência de vir aqui espreitar tantas vezes os meus desabafos, invenções e maluqueiras.

maio 17, 2005

Mano a Mano III

Nasceu o António, mano.
Hoje, dia dezassete, quando faz precisamente quatro meses que partiste, minutos antes da hora em que a Morte te venceu, nasceu o teu terceiro filho. Aquele que nunca irás conhecer.
É lindo, o teu menino. Gorducho, não pára quieto! .
Um segredo, só nosso: ele tem os teus olhos. Lembras-te de toda a gente te chamar chinês, quando eras pequenito? Pois é... ele tem os olhos rasgados como os teus.
Vi um brilho nos olhos da tua mulher como não via há muito. A Mummy também está feliz, apesar de ter chorado.
Chorámos todos, aliás. Nunca tinha vivido um dia de sentimentos tão contraditórios.
Mas acho que agora, finalmente, podemos virar mais uma página e seguir os nossos caminhos. Sinto-me cansada, a ansiedade de todos estes meses até poder ver que o pequenino estava bem finalmente acabou.
Tu também podes descansar, agora. Eles ficam bem. Todos vamos fazer para que isso aconteça.
Um beijo, querido. Continuo com muitas saudades E muitos parabéns. Serás sempre Pai.



Up, down, turn around; please don´t let me hit the ground
Tonight I think I walk alone to find my soul desire to go
home


Esta música hoje não me sai da cabeça...

maio 16, 2005



Noite escura sem laivos de luz, vento que assobia nas frestas como que numa invasão de espaços intimistas
Folhas soltas de frágeis árvores , fragmentos de vidas vazias de quem passa, incógnito, num vaivém de gentes sem rumo
Cada folha é uma memória perdida de uma vida sem sentido, que acaba de forma indiferente como todas as vidas que passam ao largo dos sentimentos
No chão, na decomposição até ao húmus fertilizante de novas realidades
De novas madrugadas em que a luz traga esperanças renascidas, quem sabe possíveis, de vidas às claras

maio 12, 2005

Day and night


Sete e vinte da manhã numa cidade grande. A porta da rua abre-se e o fresco da madrugada invade-a, contrastando com o ar quente do elevador. Respira fundo. A cidade ainda dorme, mas adivinha-se já o bulício das horas seguintes. Uma chuvada recente limpou o ar, os beirais ainda pingam; olha para o céu e vislumbra nuvens carregadas que ameaçam novo temporal mas, no momento, o sol brilha e a luz reflecte-se em mil gotas de água espalhadas pelos vidros dos carros e das casas. Um bando de pardais esvoaça de árvore em árvore na larga avenida, sobrepondo o chilrear ao barulho dos raros automóveis que já circulam. Pára um bocadinho, saboreando aquele momento.
Avança devagarinho pela rua, sem olhar para trás. Sabe-lhe bem o vento da manhã, que leva consigo o resto de sono que ainda a entorpece. Retarda o momento de entrar no carro, molha-se ao abrir a bagageira. Ri-se e sacode o cabelo, enquanto liga o motor. O rádio começa a debitar uma qualquer música do momento, que ela sabe de cor.
E vai cantando enquanto conduz, rumo a mais um dia como tantos outros.


Oito horas da noite. Dez horas de trabalho passadas, dia não mais stressante que o habitual. Choveu, como tinha previsto, mas sente-se com calor pelo ar abafado que paira na rua. Sobe as escadas a correr, tem pressa de chegar a casa. Toma um banho rápido antes de jantar; veste a t-shirt que usou na noite anterior para dormir. O cheiro dele invade-lhe as narinas, levando-a a mergulhar o rosto na peça de roupa, para lhe aspirar toda a fragrância nela contida. Sorri enquanto esfrega o nariz no algodão e veste-se. E é como se ele a envolvesse nos seus braços para mais uma noite de sono em cumplicidade abraçada.

maio 11, 2005

Rituais

Os sapatos pretos, de salto alto, voaram-lhe dos pés assim que entrou em casa e fechou a porta; um para cada lado, como era seu hábito. Sentou-se na cama e massajou os pés doridos; deitou-se para trás e, depois, fechou os olhos. Estava exausta e adormeceu quase de imediato. Deixou que um sono tranquilo, sem sonhos, tomasse conta dela como há muito não acontecia.

Acordou era noite escura. Olhou para o relógio: cinco e meia da manhã! Tinha dormido quase dez horas, ininterruptamente! Esfaimada, comeu uma refeição ligeira antes de um duche rápido. O que queria fazer não esperava por ela e não admitia atrasos, tinha que se apressar.


Saiu de casa a correr, chaves do carro na mão. Conduziu, mais calma, até ao ponto mais alto da cidade. Apesar de o sol não ter nascido ainda, a claridade começava a raiar, permitindo distinguir já mais formas do que as luzes do carro iluminavam.


Dirigiu-se ao ponto mais alto da cidade e estacionou no preciso momento em que o astro Rei despontou por detrás da serra, numa luminosidade tímida mas porém já forte. Saiu do carro e, aos primeiros raios de luz directa, gritou:
_ Bom dia, Vida!!

maio 10, 2005

Concurso

Disseram-me que devia concorrer a isto porque tenho jeito para micro contos.
Andei a ler o que escrevi para trás e percebi que é tremendamente difícil escrever apenas 200 palavras. Mexi e remexi no que já tinha escrito, mas cada vez que corto alguma coisa parece que algo fica incompleto... não sei se sou capaz.

Por outro lado, constatei que os posts mais antigos estão com os comentários a zero. O Haloscan apaga os comentários ao fim de um certo tempo? Isso não me agrada nada!

Saudade

A saudade é complicada. Porque é feita de memórias vividas, de experiências, odores e sabores que vivem no inconsciente de cada um.
E, ao ter-se vivido um determinado momento que nos marcou,ele passa a fazer parte de nós; fica entranhado no nosso ser, como se de uma osmose se tratasse.

Quando fechamos os olhos conseguimos reportar-nos a esses acontecimentos com tal intensidade que é como se os estivessemos a reviver. E levamos a vida assim, com momentos catalizadores que nos dão a noção da continuidade daquilo que, por momentos, não temos.

Até ao dia em que percebemos que tudo não é mais do que uma longa caminhada,acordamos e já não é preciso sentir saudade. Porque há laços que se criam para sempre.

maio 09, 2005



Psiu, vem cá_ disse ele, sorrindo e apontando o lugar a seu lado, no sofá.
Ela retribuiu o sorriso e sentou-se, encostando-lhe a cabeça ao ombro, enquanto ele passava o braço por cima dela , envolvendo-a.


Ficaram num daqueles silêncios cúmplices que só acontecem quando duas pessoas partilham a certeza de sentimentos recíprocos.
Naquele momento, todos os relógios do mundo pararam. O próprio tempo parou. A eternidade tomou conta deles e, mesmo quando se levantaram, uniu-os uma cumplicidade que lhes deixou a certeza de que, mesmo separados fisicamente por alguns momentos, continuavam unidos na sua essência.


Quando se despediram num abraço apertado, sabiam que a distância que os ia separar era tão relativa como o tempo de separação. Estariam sempre um com o outro.
E partiram com um sorriso nos lábios.
Não, não emigrei.
Nem desisti do Blog.
Nem fui raptada por extraterrestres.
Apenas há dias em que o Amor fala mais alto e nos apetece ficar enroscadinhos em cumplicidades de futuros sonhados.

maio 04, 2005



Acordou mas ficou de olhos fechados, esperando que o sono voltasse. Em vão. Abriu os olhos, devagarinho e olhou para os números luminosos e vermelhos do despertador, apesar saber exactamente que horas eram: 6h10 min. Acordava inexplicavelmente todos os dias àquela hora, sempre sem conseguir conciliar o sono novamente até que, quase à hora de levantar, uma sonolência pesada se abatia sobre ela obrigando-a, dia após dia, a arrastar-se até ao duche para acabar de acordar.


Irritada, decidiu que desta vez não iria ser assim. Levantou-se e aqueceu leite, enquanto ligava o portátil e se enroscava no sofá. Desejou ter ali um cigarro, só um, lembrando-se logo a seguir que tinha deixado de fumar há anos. Suspirou...


A luz forte do computador feriu-lhe os olhos cansados e começou a pensar que talvez não fosse aquela a melhor das ideias. Até a Internet, durante a noite, parecia dormir: nenhum contacto on line, fóruns e blogs desertos, chats não lhe apetecia, notícias já lidas antes de se deitar.
Ler: boa ideia! Desligou tudo e foi-se deitar de novo, com um dos livros que lia no momento. Achou que o menos interessante seria ideal, talvez lhe trouxesse o sono perdido.


Olhou para o relógio de novo: 7h4 min. Raios! Dali a menos de uma hora teria que se levantar de novo e sono, nem vê-lo!! Poisou o livro na cama, ao lado da almofada e apagou a luz; tinha que conseguir dormir.
Deu voltas e reviravoltas na cama, ajeitou inúmeras vezes as almofadas, tapou-se porque tinha frio, destapou-se porque tinha calor até que, finalmente, um suave torpor se abateu sobre ela e fechou os olhos, devagar, deixando-se embalar no sono.


TRIM...TRIMM...TRIIMMM!!!
Deu um salto assustada, quase sem reconhecer aquele maldito som que a acordava todos os dias.
Mais uma noite mal dormida, mais um dia de arrastamento sem vontade. Arrastou-se para o duche e pensou, mal humorada: O primeiro que me disser hoje que estou com má cara leva um soco na cara!!

maio 03, 2005

Hoje não há post.
A autora está com a neura.

maio 02, 2005

Muito bem, senhor Presidente!

Jorge Sampaio decidiu não convocar o referendo sobre o aborto.
Parece-me muito bem, passar a batata quente para o seu sucessor e protelar o inevitável.
E deixar que, até lá, centenas de mulheres continuem a fazer abortos clandestinos à mão de carniceiros.
Independentemente do facto de retirar ao partido que o elegeu um dos argumentos fortes da campanha eleitoral, Democracia é isto mesmo: retirar ao povo o poder de decisão.

maio 01, 2005



Eu sei que as leis no Dubai são assim.
Quem quem para lá vai , assim como para qualquer outro local, deve ter o mínimo conhecimento das leis do país e saber aquilo a que poderá estar sujeito se as transgredir, por muito ridículas que pareçam aos nossos olhos.
Mas poder ficar anos na prisão por ter um charro parece-me algo tão absurdo como irreal.
Por isso, fica aqui o link para quem quiser assinar a petição on line para que libertem o Ivo:
http://www.petitiononline.com/ivomarqu/petition.html

Dia da Mãe

Hoje é o meu dia.
Tive direito a mais beijinhos que o costume e presentes.
E também dei beijinhos e presente à minha mummy. A dobrar. Por mim e por ele. Sei que não é a mesma coisa, mas não podia fazer mais nada.
Ficam aqui beijos para todas as mães que hoje se sentiram como a minha. Porque algumas não receberam um beijo sequer.