outubro 05, 2005



Sorris quando me vês. Estendes-me os braços e eu envolvo-te no meu colo. Beijo-te os olhos, as mãos, as bochechas...
Embalo-te e canto-te enquanto me escutas, atento, os teus olhos fixos nos meus, muito abertos.
As tuas mãos procuram o meu rosto e tocam-no, sentem-no. E eu sinto-te.
Deito-te no meu colo e afago-te o cabelo, enquanto te adormeço com o calor do meu corpo.
Sinto a impotência de não te poder dar tudo o que mereces, o que precisas. Porque ninguém vence a Morte.
Vejo os olhos do teu pai quando me sorris com os teus e deixo as minhas lágrimas molharem as tua pequenas mãos. Elas são o beijo que ele nunca te pode dar.
Quando cresceres, vou sentar-te no colo e contar-te muitas estórias dele. Vou mostrar-te os sítios onde brincávamos, as casas onde vivemos. Aqui foi onde ele caiu da bicicleta, aqui era onde ele apanhava as pedras que escondia debaixo da cama sem a avó saber...
Vais saber como ele andava feliz quando soube que ias nascer. Como ele escolheu o teu nome.
Como está vivo através de ti.

3 Comentários:

Blogger Luisa Hingá disse...

Bolas... já me fizeste chorar...
Beijinhos

10:25 da manhã  
Blogger Luisa Hingá disse...

São palavras de Tia, irmã do pai do António.
Toma lá mais um abracinho minha "terapeutica" desgramada...

4:07 da tarde  
Blogger Ana disse...

Há coisas que, por muito que nos façam sofrer, nos fazem crescer por dentro.
Beijos aos dois.

11:06 da tarde  

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