março 19, 2005



Gosto de livros. De me acercar deles e de lhes tocar com as pontas dos dedos , devagarinho. Sentir a textura das capas, observar as cores. Abri-los deixar o cheiro a tinta entranhar-se-me nas narinas, enquanto vejo o tamanho e o tipo de letra em que foram impressos. Sinto-lhes o peso nas mãos, enquanto procuro o resumo e me deixo envolver um bocadinho na história que o percorre.
Leio duas ou três páginas do primeiro capítulo, depois. E, se me agradar, compro.
Nem sempre esta última regra é válida. Às vezes compro sem espreitar primeiro, como aconteceu ontem com Memória das Minhas Putas tristes; García Márquez não precisa de cartão de visita.
Mas quase 14 € por um livro , neste país, parece-me verdadeiramente excessivo. Os livros deviam ser gratuitos, na minha utopia.

E não me respondam com a palavra biblioteca. Não sou capaz, mas juro que já tentei. Só que aquela componente esquizóide que todos nós temos ( ou não ) impede-me de conseguir ler livros já lidos por muita gente. Manuseados. Dobrados. Sublinhados. Violados na essência daquilo que partilham comigo quando os leio. Porque o acto de ler é intimista para mim. Talvez por isso não tolere que estejam a ler por cima do meu ombro. Aquilo é uma relação a dois. Eu e o livro. Sem intrusos.

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