maio 11, 2005

Rituais

Os sapatos pretos, de salto alto, voaram-lhe dos pés assim que entrou em casa e fechou a porta; um para cada lado, como era seu hábito. Sentou-se na cama e massajou os pés doridos; deitou-se para trás e, depois, fechou os olhos. Estava exausta e adormeceu quase de imediato. Deixou que um sono tranquilo, sem sonhos, tomasse conta dela como há muito não acontecia.

Acordou era noite escura. Olhou para o relógio: cinco e meia da manhã! Tinha dormido quase dez horas, ininterruptamente! Esfaimada, comeu uma refeição ligeira antes de um duche rápido. O que queria fazer não esperava por ela e não admitia atrasos, tinha que se apressar.


Saiu de casa a correr, chaves do carro na mão. Conduziu, mais calma, até ao ponto mais alto da cidade. Apesar de o sol não ter nascido ainda, a claridade começava a raiar, permitindo distinguir já mais formas do que as luzes do carro iluminavam.


Dirigiu-se ao ponto mais alto da cidade e estacionou no preciso momento em que o astro Rei despontou por detrás da serra, numa luminosidade tímida mas porém já forte. Saiu do carro e, aos primeiros raios de luz directa, gritou:
_ Bom dia, Vida!!

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