julho 10, 2005

Encontros 4

Quando acordou, Mariana não percebeu logo onde estava. Apenas teve a certeza que aquela não era a sua cama e aquele não era o seu quarto. Tentou mexer-se, mas imediatamente uma dor insuportável no braço a fez parar. Gemeu baixinho e abriu os olhos. Uma voz serena disse-lhe:
"Não se mexa, minha senhora. O escritório foi assaltado e a senhora foi alvejada. O alerta foi dado pelo segurança, que ouviu o tiro. Não se aflija, não parece grave; apenas um rasgão num músculo do braço, mas no hospital tratam disso. Vai ser já transferida para lá. Pode indicar-nos alguém que possa fazer um primeiro inventário do que falta?"
"Sim", "gemeu ela, a minha secretária... Dou-lhe já o número."

Pensou telefonar ao filho mas imediatamente varreu essa ideia. A última coisa que queria era preocupá-lo e estragar-lhe as férias.
Pensando melhor, não tinha a quem telefonar. Uma profunda solidão invadiu-a de repente, doendo mais que tudo. Aninhou-se na maca e deixou-se ir.

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Teresa viu-se pela última vez ao espelho. Estava deslumbrante. O vestido branco, curto, realçava na perfeição o bronzeado perfeito que contrastava com os longos cabelos loiros. Pegou na carteira e saiu de casa a correr tão depressa quanto os saltos, altíssimos, lhe permitiam. Já estava atrasada e não queria causar má impressão a Pedro que, a esta hora, já a devia esperar no restaurante. Chamou um táxi que passava na altura. "Não levando carro, Pedro teria que a trazer a casa", pensou. "Funcionava sempre".

Quando entrou no restaurante, Teresa sentiu todos os olhares pousarem nela. De admiração ou inveja, consoante se tratasse do sector masculino ou feminino. Pedro, numa mesa discreta, levantou-se com um sorriso e recebeu-a com um beijo no canto da boca. " Divina"murmurou-lhe ao ouvido.

Enquanto jantavam iam conversando de tudo e de nada, conversa de circunstância de um primeiro encontro. Quando o telemóvel de Teresa toca, Pedro franziu os lábios. Não gostava de telemóveis em restaurantes daquele tipo, para a próxima iriam a um local mais informal.
Percebendo, Teresa balbuciou uma desculpa enquanto Pedro recordava como, quando saía com Sofia, os telemóveis ficavam em casa. Depressa varreu esses pensamentos, olhando a cara assustada de Teresa.
"É do meu escritório", balbuciou assustada,"parece que houve um assalto e a directora foi baleada. Tenho que ir já para lá!"

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