agosto 29, 2005


Entro numa casa que não é minha, mas já foi.
Toco com os dedos nos objectos que me são tão familiares e, simultaneamente, tão estranhos como se os visse pela primeira vez . O cheiro, esse, é o mesmo e invade-me as narinas violentamente, enchendo-me o peito de saudades desse passado tão recente em que percorria todas estas divisões com o à vontade de quem por lá passa todos os dias.

Fecho os olhos.
Deixo-me cair no chão e sinto o conforto do soalho de madeira quente, sólido, protector. Adivinho os objectos que estão ao meu redor sem precisar de os tocar.
Mais do que objectos e paredes, que jamais serão meus, são as memórias que me tocam. E doem.

A porta abre-se e sinto os teus olhos poisados em mim. Oiço os teus pés a pisar o chão mesmo a meu lado;passas como se eu não estivesse ali.
Talvez não esteja.
E talvez nunca tenha estado...

2 Comentários:

Blogger cbs disse...

Bonito.
Sinto um arrepio suave e triste.
Estes posts sobre casas ounde já vivemos, creio que são recorrentes em ti.
Tenho várias assim e emociono-me sempre.

10:57 da tarde  
Blogger Ana disse...

São recorrentes sim...
Gosto de casas com história.
Ainda esta noite sonhei com mais uma :-)

11:50 da manhã  

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