agosto 04, 2005



Quando eu morrer, não me fechem com os braços cruzados no peito numa caixa de madeira com rendas e folhos, em traje de gala e sapatos de salto alto .
Não me deitem cal por cima, não me enterrem num solo cheio de vermes que me possam corroer as memórias que quero levar comigo. Não me deixem a apodrecer lentamente debaixo do chão, a desmembrar-me aos poucos até a terra me absorver por completo e passar a fazer parte do mundo dos Esquecidos.

Reduzam-me antes a cinzas e façam-me voar nas asas do vento, em partículas quase invisíveis que abracem intemporalmente aqueles que amo de forma a que percebam que os levo comigo para onde quer que vá. Deixem-me ser o Pó das emoções que ficaram por viver, de tudo o que não tive coragem de fazer, das palavras que não consegui proferir. Não perpetuem os erros de quem parte porque quer.

1 Comentários:

Blogger Ana disse...

Obrigada, segredos. Também gostei do teu :-)

7:17 da tarde  

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