setembro 20, 2005

Engolir sapos vivos

Cheguei à clínica pontualmente às 2 da tarde, como de costume.
À porta, um jipe da GNR marcava posição e um guarda ladeava a entrada.
Franzo o sobrolho, digo um Boa tarde que me é retribuído e entro.
Na sala de espera, para além dos doentes marcados para aquela hora, mais dois GNR sentados.
Olho para a recepção que está vazia e parto à procura de alguém que me explique aquele mistério.
_Patrícia, mas o que se passa aqui?, pergunto assim que encontro a recepcionista de volta do arquivo.
_O quê, Terapeuta?
_ Ó rapariga, mas que diabo fazem ali três guardas?
Ela ri-se.
_ Ah, esses. Um deles é um doente novo para a Terapeuta, veio à consulta no sábado.
_ Então e os outros, que estão ali a fazer?
_ Vieram com ele...

O tratamento do doente em questão demora cerca de hora e meia. O protocolo com a GNR assume que o doente realize quinze sessões de fisioterapia. Isto quer dizer que, durante três semanas, três guardas e um jipe vão estar parados ( e nós a pagar, claro) só porque o sr agente resolveu fazer os tratamentos no horário de serviço.

E eu vou ter que o tratar e mostrar boa cara, quando me apetece dizer: Olhe, sabe que estas coisas são para fazer fora do horário sempre que possível . É que lá porque o senhor se lembrou de ir jogar futebol e se esqueceu que tem 50 anos eu não tenho que estar a pagar para isto, percebe?

O pior de tudo é que acho que ele não iria perceber mesmo...

1 Comentários:

Blogger Alcómicos disse...

Todos os textos que visem deixar ficar mal a polícia têm o meu apoio! Muito bem!
Rui Sinel de Cordes

2:58 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial