setembro 16, 2005


Vê-se num espelho desfocado numa imagem a branco e preto. Não se reconhece, toca o rosto e espera a reprodução do gesto do lado de lá no espelho. Em vão. O reflexo mantém-se imóvel, com um ar trocista enquanto a olha.
_ Não podes fazer isto, diz ela.
És a minha imagem , tens que imitar todos os meus gestos, obedecer-me. Eu sou a tua dona e tu não passas de um reflexo.
A imagem no espelho riu-se e disse: Tu não és nada, não vales nada. Eu vou tomar as rédeas da minha vida e tentar consertar o que estragaste. Já viste no que te tornaste? Não tenho que ficar presa a ti!
E escondeu-se nas profundezas do espelho, deixando a completamente sozinha. Nem direito à própria sombra ou imagem teria no futuro.
Lentamente deslizou para o chão e, estranhamente, começou a dissolver-se como se de um gás de tratasse. Desapareceu no ar, em brancas nuvens voláteis.
Então a imagem escondida saiu do espelho, riu-se atirando a cabeça para trás. Partiu depois o espelho em mil pedaços. Sem espelho e sem ela, seria livre para sempre. Esqueceu-se que era desfocada...

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