Espreito o horizonte pela janela do carro.
À minha volta, risos e conversas formam um ruído de fundo do qual me alheio.
De repente, estou sozinha. Eu e o infinito, que percorre veloz a minha janela enquanto me perco com o pensamento dançando entre árvores e pequenos montes de vegetação seca.
Alentejo... planícies desertas pelas quais percorro caminhos que são só meus, tortuosos e difíceis, sem fim à vista.
O carro pára e eu fico ali sentada, imóvel, com o olhar preso num gato de olhos azuis; saem todos do carro e para o felino é como se não existissem, nem carro nem gente. Apenas em mim pousa fixamente o olhar, dirige-se à minha porta e abre-a nem sei como, afinal os gatos não abrem portas de carros.
Estende-me a pata que se transforma em mão e diz-me: Vem...
Sigo-o sem saber onde vai, para onde me leva, o que quer de mim, percorremos quilómetros de caminhos rurais e deitamo-nos no restolho seco do final de Verão.
E ali fecho os olhos, deixo que a realidade se misture com o sonho e fico de novo sozinha, debaixo de um céu que começa a estrelar, astros que mudam de cor e renovam o tom do firmamento, agora azul olhos de gato.
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