maio 12, 2005

Day and night


Sete e vinte da manhã numa cidade grande. A porta da rua abre-se e o fresco da madrugada invade-a, contrastando com o ar quente do elevador. Respira fundo. A cidade ainda dorme, mas adivinha-se já o bulício das horas seguintes. Uma chuvada recente limpou o ar, os beirais ainda pingam; olha para o céu e vislumbra nuvens carregadas que ameaçam novo temporal mas, no momento, o sol brilha e a luz reflecte-se em mil gotas de água espalhadas pelos vidros dos carros e das casas. Um bando de pardais esvoaça de árvore em árvore na larga avenida, sobrepondo o chilrear ao barulho dos raros automóveis que já circulam. Pára um bocadinho, saboreando aquele momento.
Avança devagarinho pela rua, sem olhar para trás. Sabe-lhe bem o vento da manhã, que leva consigo o resto de sono que ainda a entorpece. Retarda o momento de entrar no carro, molha-se ao abrir a bagageira. Ri-se e sacode o cabelo, enquanto liga o motor. O rádio começa a debitar uma qualquer música do momento, que ela sabe de cor.
E vai cantando enquanto conduz, rumo a mais um dia como tantos outros.


Oito horas da noite. Dez horas de trabalho passadas, dia não mais stressante que o habitual. Choveu, como tinha previsto, mas sente-se com calor pelo ar abafado que paira na rua. Sobe as escadas a correr, tem pressa de chegar a casa. Toma um banho rápido antes de jantar; veste a t-shirt que usou na noite anterior para dormir. O cheiro dele invade-lhe as narinas, levando-a a mergulhar o rosto na peça de roupa, para lhe aspirar toda a fragrância nela contida. Sorri enquanto esfrega o nariz no algodão e veste-se. E é como se ele a envolvesse nos seus braços para mais uma noite de sono em cumplicidade abraçada.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial