julho 19, 2005


Vai. Segue o teu caminho como sempre fizeste, sem olhares para trás.
Caminhemos em direcções opostas, de costas viradas, como dois estranhos que se cruzaram num acaso.
Deitemos fora os sentimentos, as recordações, os afectos, as juras de amor.
Vamos começar vidas novas, um sem o outro.
E se algum dia, por mero acaso, os nossos olhares se cruzarem numa rua qualquer, finjamos que somos, um para o outro, não mais do que anónimos no meio da multidão.

Não tinha que ser assim, sabes? Mas partilhar-te era insuportável. Queria-te só para mim e descobrir-te dividido deitou tudo a perder. Porque quando se ama há a necessidade de nos sentirmos únicos, insubstituíveis. Por muito que me desses, o que oferecias à outra parte fazia-me sempre falta. Porque era meu por direito.

Por isso, vai. Segue sempre em frente porque a tua caminhada nunca terá retorno.
E eu vou começar, devagarinho, a escalar esta nova montanha para a qual olho e me parece intransponível. Vou cair algumas vezes, eu sei. Magoar-me. Pensar em desistir e seguir o teu caminho, plano e morno. Mas sei que, ao chegar ao cimo, vislumbrarei uma paisagem de Vida que, de outro modo, nunca teria. Vou encher os pulmões de ar, deixar que o Sol me tome o rosto, que o vento me sacuda os cabelos e, finalmente, perceberei que mesmo por caminhos difíceis se consegue ser feliz.

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