abril 15, 2005


Persegues-me de forma impiedosa para todo o lado,mancha escura.
Não gosto de ti, reles imitação dos meus gestos, de todos os meus movimentos.
Não tens nada dentro de ti. És só duas dimensões, ausência de luz pela interposição do meu corpo.
Deve ser por isso que te agrilhoas aos meus pés e me arrastas no terreno, tornando imperfeito o contorno que apresentas de mim.
És feia.
És má.
Trazes a escuridão para o pé de mim.

Ou serei eu própria uma projecção tua? Existirás tu e serei eu apenas aquela que te persegue em busca de algo inatingível, numa constante corrida para te agarrar sem nunca o conseguir?
Nunca nos vamos fundir, tu e eu. Nunca seremos uma só.

Mas gostava de ser o lado da luz e poder ver-te como um complemento meu, que caminha comigo lado a lado, discreta mas presente.

Para nunca mais me sentir só.

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