abril 05, 2005

Dia na vida de uma Mulher...que Mulher? Que Vida?

8.45 h - Saio de casa para ir trabalhar.

9.10 h - Pedem-me um relatório anual de funcionamento para entregar amanhã. O trabalho com os miúdos que se lixe (acham eles), passo a manhã ao computador e trago o resto para fazer em casa.

10.30 h - Vou ao bar comer meia torrada e aturo uma gaja que me tenta convencer a acompanhar na 6ª feira um miúdo com o qual nem trabalho a uma consulta de Neurologia, com o pretexto de que não se sente capaz de conduzir 30 km de auto estrada por causa das lentes e eu a ver que ela não quer é levantar o cu da cama mais cedo do que o costume.

13 h - Almoço qualquer coisa à pressa no refeitório porque quero ir lavar o carro. A lavagem estava cheia.

13.50 h- Chego à Clínica. Tudo com cara de caso. Consultas no fim de semana: doentes marcados uns em cima dos outros, prescrições confusas, outras perfeitamente disparatadas, as auxiliares a pedir socorro, uma tarde que se avizinhava um caos.

14.30 - Depois de 20 min ao telefone com a médica ( e 4 doentes já à minha espera), oiço um : Olhe, eu no sábado não estava nada bem por causa daquilo que lhe contei na sexta. Faça como de costume, avalie os doentes e mude as prescrições como entender. Sabe que às vezes confio mais em si que em mim.

14.35 - Vou para o vestiário contar até 10 para não pegar no telefone e dizer que aquela merda é dela, que a confiança e competência nos empregos se paga,que amigos amigos negócios à parte e que lhe ofereço o aumento que recebi este ano para ela tomar um café.

18.00 - Saio porta fora depois de uma tarde do caraças sem a menor ideia do que vou dar de jantar aos filhotes, passo no supermercado e compro qualquer coisa, vou buscar a pequena a casa da minha mãe que me olha com aqueles olhos nunca te demoras mais que 5 minutos, deixas-me aqui sozinha com o meu sofrimento e não queres nem saber.

18.40 - Toca o telefone e o mais velho quer saber se me esqueci de que tinha que o levar ao Instituto de línguas, saio a correr ainda a tempo de ouvir a recomendação não te esqueças que o teu irmão amanhã fazia anos e a missa é às sete e um quarto!
Apeteceu-me perguntar se a missa ia fazer com que ele voltasse, mas não me apeteceu. Disse que não estava esquecida, que ia à merda da missa, sim. ( A parte da merda só pensei, não disse).

18.45 - Apanho o puto à porta de casa à hora exacta que ele devia estar a entrar na sala de aula. Que se lixe, aquilo fica a 3 minutos de carro.

19.00 - Entro em casa quase 10 horas depois de ter saído. Vou fechar os estores. Cinza de cigarro no chão do quarto dele. Porra! Fico a pensar como vou abordar aquilo.

20.00 - O puto chega a casa. Chamo-o ao quarto e peço-lhe que, sem mentiras, me diga o que é aquilo. A gaguejar, lá confessou que tinha experimentado fumar um cigarro mas que tinha tossido tanto que a cinza devia ter caído e ele não se apercebeu. Que era a segunda vez que experimentava, a primeira tinha sido o ano passado. Tem 14 anos, ele. A idade com que comecei a fumar. Disse-lho. Da melhor forma que sei, tentei mostrar-lhe o mal que faria a ele próprio se se tornasse fumador. Que toda a gente começa a experimentar e que nunca se gosta,mas todos os anos surgem novos fumadores. Que ser adulto é marcar a diferença, não fazer aquilo que não se gosta apenas porque os outros fazem. Que eu tinha deixado de fumar porque ele mo tinha pedido. E que eu lhe estava agora a fazer o mesmo pedido, mas a escolha seria sempre dele. Não sei se o convenci.

20.30 - Alinhavei o jantar e lá comemos.

21.15 - Venho para aqui acabar o relatório para amanhã. Ligo o MSN e percebo que uma das pessoas mais importantes da minha vida está tristíssima por uma situação que também já vivi. Retrocedo uns anos e isso não me faz nada bem.

21.40 - Largo a porra do relatório e cago nesta merda toda!Amanhã acabo-o que não me pagam horas estraordinárias.


Pode-se dizer FODA-SE? Where is the twilight zone?

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