abril 12, 2005



Sentou-se na cama, sobressaltada. O coração batia-lhe descompassadamente, parecendo querer saltar da caixa toráxica a cada batimento. Estava encharcada em suores frios, o que a fazia tremer de frio, para além do tremor de medo que com que batesse os dentes de forma incontrolada.
Puxou os joelhos para si e abraçou-os, começando a balançar-se para trás e para a frente numa tentativa de consolo que não vinha. Não conseguia fechar os olhos, porque as imagens , as sensações, os medos voltavam como se estivessem a ser vividos de novo.

Acendeu a luz e olhou para o relógio: três e vinte da manhã. Já sabia as horas, antes de para lá olhar. Diariamente, o ritual repetia-se: o sonho, o acordar sobressaltado, o não conseguir readormecer senão perto da madrugada, o acordar cheia de sono, o andar com as mesmas imagens todos os dias gravadas na memória. A dor que lhe causavam, ridiculamente, porque nunca tinham acontecido.
Mas aconteciam dentro dela e interferiam com a sua sensibilidade e bem estar.
Suspirou. Aquilo tinha que acabar um dia.
Tomou um comprido para dormir e deixou a caixa perto.
Quanto acordasse, tomaria outro. E depois outro.
Hoje não ia trabalhar. Tirava o dia para dormir. Ou para deixar chegar o pesadelo ao fim. Tinha que saber como o sonho acabava

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