maio 03, 2006


Tens marcados na pele os sulcos do tempo como se de estradas da vida se tratassem.
Uma a uma, as rugas contam as tuas histórias, umas de que falas aos netos com um sorriso nos lábios e as outras, aquelas que guardas só para ti.
As marcas do tempo adoçam-te o rosto. Inspiras confiança, geras o respeito por onde passas. Viste partir quem amavas e guardaste a tua dor. Sobrevives aos que, da tua geração, vão deixando a vida e a quem te habituaste a dizer o último adeus. Aos poucos, ficas só, sentes que estás sozinha mesmo no meio de filhos e netos e as tuas rugas vão-te mostrando que, mais e mais, o fim se aproxima. Mas não tens medo. Sentes que cumpriste o teu papel na vida tão preenchida que tiveste. Recordas choros e sorrisos, o nascimento do primeiro filho, do primeiro neto...
Os teus pais, figuras longínquas e no entanto sempre tão presentes.
Foste criança, mulher, esposa, mãe. Foste tudo.
E, quando chegar a hora de fechares os olhos para sempre, irás fazê-lo com um sorriso de quem não tem medo do fim.

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