julho 11, 2006


Turva-se-lhe a imagem ao longe , talvez pelo calor que se faz sentir. Mancha no horizonte ou figura que se aproxima, cerra os olhos e não quer ver. O cansaço é mais forte que tudo e deixa-se cair no chão que escalda, levantando uma poeira de meses de seca.
Tosse, sente-se sufocar...
As forças esvaem-se num suspiro que sente que será o último, rumo à escuridão eterna.

De repente, grossas gotas de água tocam-lhe a pele e os lábios ressequidos entreabrem-se em busca do elixir precioso.
Abre os olhos: nuvens cerradas começam a oferecer-lhe toda a água que acumulam, numa dança de trovões e relâmpagos coreografada ao último detalhe. Soergue-se no chão, percebe misturados o pó e a pele que a água se encarrega de lavar.
Escorre lama quando se eleva de vez, para perceber que criou raízes no solo. Não consegue sair dali, melhor: não quer sair dali. Deixa que as raízes se cruzem, dançando umas com as outras.

A figura que tinha avistado ao longe estava agora mais perto, estranhamente sem se ter movido, uma árvore de sombra refrescante e acolhedora que lhe estende os ramos num convite a um abraço.
E assim ficaram, ramos e braços entrelaçados, a árvore sem saber que era ele e ela sem perceber que era árvore.



8 Comentários:

Blogger Madalena disse...

Acho que há um pequeno engano na última frase. Não sei, ora vê lá...

Foi bom ler-te.

;-)*

12:48 da manhã  
Blogger o alquimista disse...

Que encanto Ana, que forma sublime de dizer a vida, fascinante forma de a sentir.

Um doce beijo+

10:22 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Tal como a árvore também gosto de sentir grossas gotas de água na face... Parece uma sensação libertadora...

Beijos,
Miguel

10:30 da manhã  
Blogger anamoris disse...

As árvores ficam sempre de pé.
A Natureza é suprema.

10:35 da manhã  
Blogger ruth ministro disse...

Lindo. Gosto das tuas palavras.
Continua :)

5:34 da tarde  
Blogger Ana disse...

Hummm, Madalena, lê lá bem... não me parece :)*

É verdade, tonspastel...

Obrigada, Alquimista... beijos pa tu *

Quem não gosta, Miguel? Ainda hoje o senti :-)

A ideia e essa, anamoris ;)

Obrigada, utzi :)

5:56 da tarde  
Blogger Guilherme F. disse...

Cheguei aqui por acaso mas gostei muito das palavras que encontrei. Sabe bem descobrir que este mar digital não é só Poesia..
Bjs

6:42 da tarde  
Blogger Ana disse...

De facto, sou mais uma mulher de prosa , Guilherme :-)*

7:49 da tarde  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial