novembro 07, 2006


É à noite que mais custa.
O meter a chave à porta e sentir a casa fria, vazia. Ouvir os passos a ecoar no chão enquanto acende as luzes dos quartos para fechar janelas que manteve abertas numa ilusão de presenças fingidas.
O silêncio é opressor, axfixiante, algo que o som de fundo da televisão não substitui.
Percorre as divisões, uma a uma, em busca não sabe bem de quê.
Sabe que está só. Que estará só.
No quarto, a cama desfeita, não por quentes momentos mas apenas porque não tivera tempo de a fazer de manhã.
Deita-se ainda semi vestida, exausta.
Por uma pequena fresta da janela mal fechada, a luz do luar banha-lhe os pés e adormece enquanto brinca com a luminosidade.
Não se apercebe que a luz sobe e a envolve plenamente num jogo de sedução.
Sorri enquanto dorme e de manhã não se lembrará de nada, porque a lua já terá partido há muito.
Talvez um dia acorde durante a noite e a lua lhe estenda a mão...

4 Comentários:

Blogger O apicultor disse...

Oh Ana, nada como dantes…

10:03 da tarde  
Blogger ruth ministro disse...

Leio-me neste texto... espero que também a mim a lua estenda a mão uma noite destas...

Beijinhos

4:17 da tarde  
Blogger Diafragma disse...

Tristes mas bonitos.
Ou bonitos mas tristes, os teus contos.

4:46 da tarde  
Blogger Klatuu o embuçado disse...

Deve ser diferente a solidão no feminino... Eu adoro chegar a casa e não estar lá ninguém.

5:52 da manhã  

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