outubro 15, 2006

Coloca a mão na maçaneta e abre a porta para sair.
Tenta não olhar para trás, mas não consegue.
Pára.
Percorre com o olhar as paredes e os móveis, demora o olhar em cada objecto.
Relembra os sonhos e as expectativas de quando, pela primeira vez, entreabriu aquela porta.
Um sorriso amargurado nasce-lhe nos lábios, como um esgar de dor.
Deveria ter percebido há muito que há locais que nunca serão nossos, sonhos que não temos o direito de sonhar. Por muito que se lute e reme contra a maré, a ordem natural das coisas é sempre mais forte.
Toca levemente as paredes num gesto de despedida.
Depois suapira e fecha a porta. Para sempre.
Consigo, leva apenas as memórias. Essas, ninguém lhas consegue tirar.

3 Comentários:

Blogger © Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Minha querida Ana! Tão triste, quanto belo!Paradoxo diria!Ou talvez não!Sentimentos à flor da pele num texto que continua outros textos...quero ler mais!

8:33 da manhã  
Blogger rui-son disse...

Não sei com que palavras te comentar, mas gostava de te dizer que gostei muito deste texto. Às vezes o mais simples é o melhor.

10:48 da tarde  
Blogger Ana Fonseca disse...

Lindíssimo, o texto! Conhecida a sensação... comum a todos... Quem não sentiu já que ía para não voltar e levaria só as memórias! Só há uma coisa que não concordo.... Temos sempre direito a sonhar tudo! Nem que se saiba que é apenas sonho e não vai ser mais que isso... Mas o sonho... ninguém nos pode roubar, tal como as memórias!
Beijinhos para ti!

8:29 da tarde  

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