"Toc, toc, toc..."
Os saltos altos ecoavam no chão de pedra da Casa vazia, em passos lentos.
Não havia mobília e restavam apenas nas paredes algumas fotografias de memórias que lhe eram familiares. Dolorosamente familiares.
Avançava a medo, apesar de conhecer a olhos fechados o chão que pisava. Por entre as frestas das portadas fechadas, alguns raios de luz iluminavam o interior da Casa o suficiente para não ter que abrir quaisquer janelas, apesar do ar bafiento que se fazia sentir. Não queria luz na Casa. A penumbra era o suficiente para o que ia fazer.
Descalçou-se, para que o silêncio tomasse conta de si e tirou o casaco, deixando-o caído no chão. Percorreu-a um arrepio de frio, mas não se importou. Entrou num dos quartos e o chão da Casa, apesar de pedra, parecia ranger ao ritmo dos seus passos. Aproximou-se do Recanto onde outrora tinha a cómoda, móvel de secredos ocultos aos olhares de terceiros. Olhou em redor e resolveu abrir as janelas. O ar da rua invadiu-a, inebriante, obrigando-a a respirar fundo algumas vezes.
Ajoelhou-se e tocou com a ponta dos dedos algumas das pedras do Recanto, mais para as sentir do que para ter a certeza da que procurava, visto saber exactamente qual era.
A Pedra era exactamente como as outras. Percorreu-a com as duas mãos, uma de cada vez. Depois levantou-a e olhou para o buraco aberto. Tirou de lá uma Caixa pequena, de cartão, que pôs cuidadosamente a seu lado enquanto recolocava a Pedra no local.
Abriu a Caixa e olhou o que continha. Percorreu cada Objecto com o olhar, não se atrevendo a tocar-lhes. Toda a sua vida passada estava ali naquela Caixa e tocar no que continha seria reviver tudo. Não queria. Tirou do bolso uma caixa de fósforos e, como se de um ritual sagrado se tratasse, pegou fogo à Caixa e aos Objectos. Ficou ali até que tudo ardesse e não restasse mais que um monte de cinzas, ainda fumegantes.
Levantou-se e saiu da Casa, deixando para trás os sapatos e o casaco. Apodreceriam com as memórias queimadas.
Os saltos altos ecoavam no chão de pedra da Casa vazia, em passos lentos.
Não havia mobília e restavam apenas nas paredes algumas fotografias de memórias que lhe eram familiares. Dolorosamente familiares.
Avançava a medo, apesar de conhecer a olhos fechados o chão que pisava. Por entre as frestas das portadas fechadas, alguns raios de luz iluminavam o interior da Casa o suficiente para não ter que abrir quaisquer janelas, apesar do ar bafiento que se fazia sentir. Não queria luz na Casa. A penumbra era o suficiente para o que ia fazer.
Descalçou-se, para que o silêncio tomasse conta de si e tirou o casaco, deixando-o caído no chão. Percorreu-a um arrepio de frio, mas não se importou. Entrou num dos quartos e o chão da Casa, apesar de pedra, parecia ranger ao ritmo dos seus passos. Aproximou-se do Recanto onde outrora tinha a cómoda, móvel de secredos ocultos aos olhares de terceiros. Olhou em redor e resolveu abrir as janelas. O ar da rua invadiu-a, inebriante, obrigando-a a respirar fundo algumas vezes.
Ajoelhou-se e tocou com a ponta dos dedos algumas das pedras do Recanto, mais para as sentir do que para ter a certeza da que procurava, visto saber exactamente qual era.
A Pedra era exactamente como as outras. Percorreu-a com as duas mãos, uma de cada vez. Depois levantou-a e olhou para o buraco aberto. Tirou de lá uma Caixa pequena, de cartão, que pôs cuidadosamente a seu lado enquanto recolocava a Pedra no local.
Abriu a Caixa e olhou o que continha. Percorreu cada Objecto com o olhar, não se atrevendo a tocar-lhes. Toda a sua vida passada estava ali naquela Caixa e tocar no que continha seria reviver tudo. Não queria. Tirou do bolso uma caixa de fósforos e, como se de um ritual sagrado se tratasse, pegou fogo à Caixa e aos Objectos. Ficou ali até que tudo ardesse e não restasse mais que um monte de cinzas, ainda fumegantes.
Levantou-se e saiu da Casa, deixando para trás os sapatos e o casaco. Apodreceriam com as memórias queimadas.
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