fevereiro 05, 2006


Acorda, como de costume, ainda o sol espreita tímido por detrás dos estores.
As janelas, sem cortinados, deixam entrar a pouca luz já existente.
Os pés descalços tocam o chão frio, sem tapetes.
Olha em redor; no quarto, apenas a cama grande quebra o amarelo das paredes.
Ri baixinho enquanto percorre as divisões uma a uma, quase vazias de móveis mas recheadas de projectos.
Nem sabe como se meteu em semelhante aventura, mas sente-se tão feliz...
Toma um banho e seca o cabelo com cuidado. A roupa, escolhida de véspera, espera-a cuidadosamente dobrada no sofá da sala. Afinal, o primeiro dia num novo emprego é sempre importante.
Ainda não se sente em casa, mas sabe que isso virá com o tempo. Foram demasiadas mudanças em tão pouco tempo. Está onde sempre sonhou e finalmente deu o passo que levou anos de coragem a dar.
De súbito, uma campaínha toca não sabe onde. A porta,pensou... ainda nem conhecia o toque da própria campaínha!
Mas não era daí...
O toque continuou, persistente, até que , aos poucos, o cenário foi mudando e se viu a reabrir os olhos, na cama de sempre, na mesma casa de sempre, para viver a vida de todos os dias.
Enrolou-se em si mesma e chorou, de raiva e de impotência.
Percebeu que há sonhos que podem nunca vir a acontecer.~

Foto daqui

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