Sábado, 5 e meia da tarde. Quando, em Setembro, estão dias quentes assim, o sol parece que desce sobre as nossas cabeças de tão baixo que está.
Saio do Instituto cansada mas feliz, a primeira aula correu lindamente.
Decido ir ver o último filme de Pedro Almodovar antes de regressar ao inferno ( leia-se santa terrinha) e vou até ao Marquês apanhar o metro. Já na estação, reparo em tuas mulheres, cada uma com um bebé ao colo. Imigrantes. Romenas, ao que me pareceu. Muito jovens as duas, uma delas não sei se já teria 18 anos, aspecto andrajoso. Sujas, elas e as crianças. Entraram no metro ao mesmo tempo que eu e começaram a pedir esmola. Incomoda-me isto, por muito que tente nunca consigo ficar indiferente quando vejo crianças envolvidas.
Quando passaram por mim, consegui ver o rosto da criança que a mais nova transportava ao colo. Que olhos! Azuis claros, quase transparentes... tão inquiridores. O cabelo loiro quase branco contrastava com as roupas sujas que trazia vestita. Não tinha seguramente 4 meses.
Olhou-me com aqueles olhos lindos e riu-se para mim.
Apeteceu-me levantar, dar àquela mulher todo o dinheiro que tinha e não tinha na carteira e ficar com aquela criança, trazê-la para casa e dar-lhe tudo aquilo a que têm direito as crianças. Cobri-la de mimos.
Sem se aperceber de nada, a mãe (?) beijou-a no rosto e ela sorriu
E eu, ali , percebi que a felicidade tem parâmetros muito diferentes.
Afastaram-se as duas carruagem fora.