dezembro 30, 2005

Retrospectivas

Este é o último post antes de 2006.
Tenho sempre a péssima tendência de, nesta altura, olhar para trás e fazer um balanço do ano que passou. E quase nunca fico satisfeita com o que vejo. Este ano não foi excepção. Foi, provavelmente, o pior ano da minha vida. Teve algumas coisas boas, é verdade, outras muito boas ( poucas), mas foi um ano desgastante. Sofrido. Ansioso.
Tento encará-lo como um ano de mudança radical e, se o conseguir espero para o ano escrever algo mais optimista.

Bom 2006 a todos os que por aqui passam, habitualmente ou por acaso.

Cinefilices

Ontem fui a cinema ver o King Kong. Foi, provavelmente, o pior filme que vi nos últimos meses. Eu sei, os efeitos especiais são engraçadotes. Mas fica-se por aí. Aquilo é uma versão moderna do Jurassik Park, longa e chata. Vi pessoas a sair a meio do filme, de desinteressante que aquilo se tornou.

Em compensação, vi Corpse Bride na segunda-feira. Esse sim, vale a pena. Comovente, divertido, um filme de animação para adultos e crianças. Ou a forma de fazer um excelente filme sem gastar milhões de dólares.

dezembro 28, 2005

Está aqui uma gaja toda produzida e cheirosa para ir jantar fora quando, na realidade, o que lhe apetece é calçar as pantufas e ficar em casa a ver o 24.
A idade não perdoa, mesmo :-(
You Belong in London

A little old fashioned, and a little modern.
A little traditional, and a little bit punk rock.
A unique woman like you needs a city that offers everything.
No wonder you and London will get along so well.


Pfff! Como se fosse preciso um teste para chegar a esta conclusão!

Ele há grandes coincidências ou como a net é um bairro

Está uma moça aqui a escrever uns disparates dia após dia, uns comentados outros nem por isso.
De entre os comentadores, surge alguém com quem se troca o endereço do Messenger.
Dois minutos depois chegamos à conclusão que há mais de um ano falávamos e que, por uns e outros motivos, perdemos os respectivos contactos.
Com tantos milhares de internautas em Portugal, quais eram as probabilidades de isto acontecer?

A minha teoria é que, na realidade, não somos assim tantos. Somos uns vinte ou trinta e passamos a vida a criar mails e nicks para parecermos muitos! LOL

De qualquer forma, foi bom reencontrar-te.
:-)

Pequenos grandes prazeres num quase final de ano

Vestir uma roupa quente , apanhar o cabelo, calçar umas botas confortáveis e caminhar sem destino.
Ver um sorriso de bom dia estampado na cara dos meus filhotes.
Sentir o cheiro a casa quando meto a chave na porta.
Comer uma tablette de chocolate inteira e não me preocupar com as borbulhas que vão aparecer.
Tomar meia dúzia de resoluções para o próximo ano, mesmo que saiba à partida que talvez me seja impossível pô-las em prática.
Encher o carro de crianças e adolescentes e passar a tarde no bowling, entre risos e gritaria.
Voltar a casa e, depois de lhes dar jantar, sair para um jantar de trabalho descansada, porque eles já são crescidos.

dezembro 27, 2005



Era uma vez uma princesa.
Não era uma linda princesa , como nas histórias infantis. Era banal, igual aos milhares de pessoas com quem se cruzava todos os dias na rua. Porque esta princesa nem sequer vivia num castelo. Vivia numa casa como todos os outros habitantes do reino e trabalhava tal como eles. Mas esta princesa tinha um senão: nunca tinha visto a luz do sol; mais ainda, pensava que todas as pessoas eram como ela. E assim vivia feliz, entre o trabalho e a sua casa.

Até que um dia, ao caminhar na rua, apercebeu-se de algo diferente: uma ténue luz ( que ela não sabia que era luz) começou a iluminar os seus passos e ela começou a ver o que a rodeava. No princípio sentiu-se ofuscada, baralhada, sem saber como se deslocar nesta nova situação. A profusão de luz, cor e pormenores deixou-a confusa, baralhada sem saber o que fazer. Parou e, de súbito, sentiu uma mão no seu ombro e uma voz grave que lhe dizia ao ouvido: Vem, eu guio-te...
Instintivamente abriu os olhos e viu um homem a quem, soube de imediato, pertencia. Tudo nele ela tinha necessidade de sentir, de se partilhar com ele. Sorriu-lhe ( era a primeira vez que sorria) e deu-lhe a mão, confiando-se à sua presença como nunca se confiara a ninguém.

Caminharam assim juntos algum tempo até que, aos poucos, a princesa foi pressentindo que a luz estava a diminuir de intensidade. Agarrou com força a mão do seu Amor à medida que a escuridão ia avançando mas, quando a escuridão se tornou de novo total, sentiu-o esfumar-se sem lhe conseguir tocar, sem poder sequer dizer um Adeus.

Chorou até não ter mais lágrimas e depois seguiu o seu caminho como sempre: de cabeça erguida. Mas com um grande pedaço de si arrancado para sempre.

Life is a highway

Nem que seja para descobrir, ao fim destes anos todos, que há arco-íris triplos.
E que o pote d'ouro deve estar em Vila Franca de Xira.

Foto tirada com o telemóvel de manhã bem cedo.

dezembro 25, 2005



Não quero ver, não quero ouvir.
Fecho a porta ao mundo e fico cá dentro, sozinha. Assim não me magoo.
Vivo de memórias passadas, talves nunca vividas a não ser em imaginação. Por isso tão perfeitas.
Passo os dedos no meu corpo, leves, quase dormentes. Talvez por isso não os sinta.
Também não quero sentir. Sentir dói, mais cedo ou mais tarde. Mais cedo do que tarde, sempre.
Sentir para quê? Não existe nada lá fora. Só eu, aqui. E só por mim não vale a pena sequer abrir os olhos...

Quero...

... fechar os olhos em sossego e sentir a paz que reneguei vir ao meu encontro.
... afugentar a revolta que se cria dentro de mim e me tira o ar, não me deixa respirar e me provoca lágrimas que tento, em vão, sufocar.
... sentir que existo, que estou aqui e não sou apenas forma etérea na minha consciência.
... amar e ser amada sem restrições, poder entregar-me totalmente e sem medo.
... provar a mim mesma que um dia, algures, vou poder ser feliz.
... acreditar que a felicidade é mais do que a junção de fugazes momentos bons.
... adormecer com um sorriso nos lábios por saber que amanhã vai ser um bom dia.

Mensagens de Natal

Como de costume, recebi às dezenas.
Ano após ano, vai-se tornando um ritual receber e mandar sms de Natal. Com os respectivos exageros:
_ Mensagens de números que não faço a menor ideia de quem são.
_ Mensagens com barbas brancas de tão velhas que são e se repetem ano após ano como se fossem a última novidade da quadra.
_ Mensagens de pessoas que eu sei que ainda vou ver no próprio dia de Natal ou mesmo posteriormente ao envio da mesma. E isto só me aconteceu este ano e intrigou-me sobremaneira: Qual a vantagem de mandar um sms de Natal de manhã a uma pessoa que vou ver à tarde? Recebi uns 3 ou 4 nestas condições...

Banalizou-se o envio de sms nesta altura. Recebem-se mensagens que, tenho a certeza, são enviadas para vários destinatários ao mesmo tempo. Onde está o cunho pessoal da mensagem? Mandar por mandar, prefiro ficar sossegada. Ou pegar no telefone e desejar de viva voz um Bom Natal. É bem mais bonito e sabe melhor.

dezembro 24, 2005

Quem me conhece sabe que nunca gostei do Natal.A não ser em pequenota, acho. Já não me lembro. Sempre me fez confusão o lufa lufa, a obrigatoriedade de dar e receber presentes e a nostalgia que toma conta de nós nesta data. Por isso, festejei o Natal sempre pelos outros: pais, filhos, família, enfim...
O Natal do ano passado foi diferente: passado nas urgências de hospital de Santa Maria. O desenlace foi o pior possível, apenas duas semanas depois.
Achei que este ano o Natal iria ser terrível. Pior que todos os outros Natais. Pela dor, pela saudade, pela revolta.

Enganei-me redondamente.
Está a ser um Natal tranquilamente triste, é certo. Mas estou a dar valor como nunca dei à presença das pessoas que me são tão queridas e que podem estar aqui, comigo, nesta quadra. Estou a sentir a saudade relativa de quem gosto muito, muito e não é possível ter aqui comigo.
E sinto através de todos a presença de quem já partiu e nunca mais poderá estar connosco. A presença. Sim. Em pensamento, em objectos, em memórias.

E não é isso o Natal? A reunião de pessoas que se amam e que manifestam esse sentimento através do convívio nesta noite , Amor esse representado pela troca de pequenas lembranças?

Pela primeira vez, não comprei um único presente que não tivesse vontade de comprar. Pelo contrário, tenho pena de não poder dar muitos mais a estas pessoas.
Não mandei mensagens nem fiz telefonemas de Natal apenas por obrigação. Mas respondo a todos os que de mim se lembraram. Porque gostam de mim; e são, felizmente, muitos.

E aqui, no meu cantinho, entre preparativos de jantar e expectativa das crianças, este ano acho que posso dizer: gosto do Natal. Nem que por isso verta algumas lágrimas.

BOM NATAL A TODOS...

Está ali em cima azevinho e manda a tradição que duas pessoas que se encontrem debaixo de azevinho se beijem... Por isso, fáxavore :-)

dezembro 22, 2005

Post intimista (nº não sei já quantos)


Já me disseram várias vezes aqui que tenho fixação por casas. E é bem verdade. Para mim, a casa é um espaço importante, onde nos despojamos de convenções sociais, onde não temos que esconder fragilidades ou angústias, ou até onde podemos mostrar de forma mais desinibida o nosso contentamento ou alegria. Vestimos roupas confortáveis, andamos descalços ou de chinelos velhos mas quentes e aprendemos a descontrair mal metemos a chave à porta.
Por tudo isto gosto de estar em casa, nem que seja apenas a vegetar e ver o tempo passar com a esplêndida sensação de não ter nada que fazer.

E o facto de estar a escrever em casa ou não, condiciona-me de tal forma que, com meses de distância, consigo dizer onde escrevi este ou aquele post. Estou hoje, pela primeira vez, a escrever num local que se vai tornando especial para mim. E, no final da noite, com o coração dividido entre a saudade de quem não está cá e o quão é bom estar aqui, tive necessidade de passar este sentimento para o papel . Porque ainda não perdi a esperança de, um dia, ter tudo ao mesmo tempo.
Desculpem o desabafo.
Your Eyes Should Be Violet

Your eyes reflect: Mystery and allure

What's hidden behind your eyes: A quiet passion
Roubado daqui

Ai o caraças!
Eu quero lá ter uns olhos roxos?

dezembro 21, 2005

Post lamechas ou conto de Natal


As mãos pequenitas, rechonchudas, entrelaçavam nervosamente uma na outra enquanto os grandes olhos castanhos percorriam com ansiedade os rostos que a rodeavam.
_Viste a minha mãe?, perguntava baixinho. Sem resposta.
Era olhada com desdém, a roupa passajada fazia com que as pessoas se afastassem por a considerarem pedinte.
Seis ou sete anos, não mais. E as mãos continuavam a torcer e a retorcer a ansiedade, os olhos em busca de quem não aparecia.
Uma mão quente pousou-lhe no ombro enquanto uma voz conhecida lhe disse:
_Então, onde te meteste, pequenita? Já estava a ficar preocupada...
E, de súbito, todas as estrelas de todas as árvores de Natal começaram a brilhar para ela enquanto se refugiava no abraço mais quente do Mundo.

dezembro 20, 2005



Entra num carro que não é o seu e percorre quilómetros e quilómetros de estradas de um país que não é o seu.
Numa cidade que não é a sua, estaciona numa rua desconhecida.
Toca à porta de uma casa que não é a sua e entra.
Olha em redor e tudo lhe parece familiar. Toca os objectos numa tentativa de reconhecimento. Em vão.
Tira da mochila em casaco quente e umas meias de lã, esses sim, objectos seus.
Deita-se na cama que não é a sua, aconchega-se num corpo desconhecido mas que sente como seu e adormece de cansaço.


dezembro 16, 2005



Deixem-me fechar os olhos por momentos.
Esperar que a escuridão se apodere de mim e toque os meus poros, um a um.
Quero a ausência total de luz para limpar desejos e emoções, sentir-me despojada de tudo.
E depois, a pouco e pouco, absorver de novo o calor e a luz que me rodeiam e poder, assim , renascer.

dezembro 14, 2005

Roubei este teste à Dinada e saiu-me um diabinho.
Que alívio!
Laisse le vent libérer les cheveux, le soleil brûler le visage et la lumière du jour entrer dans toi. Crie au monde que tu es vivent et ensuite promène, avec un sourire dans les lèvres, tes angoisses et tes peurs parmi la multitude sans regarder les yeux dont ils t'observent.
Parce que ton cri est seulement à toi.

dezembro 13, 2005

Subiu ao sótão, local de arrumos de objectos e memórias.

A velha árvore lá estava, à sua espera, misturada com triciclos e bonecos antigos, cuidadosamente encaixotada desde o ano anterior, no final das Festas. Os enfeites estavam dentro da mesma caixa de sempre; não precisou de a abrir para saber o que continha: os anjos de pano, as bolas douradas e brancas, a rede de verga pintada, tudo se mantinha igual.

Lembrou-se de como tinha o coração apertado a última vez que tinha tocado aqueles objectos enquanto os percorria com os dedos, devagar, um a um.

Suspirou e evitou que os olhos se marejassem de lágrimas. Tinha que as guardar para mais tarde, quando estivesse só. Lá em baixo, duas crianças esperavam aquele momento, ansiosas por colaborar e cheias de alegria pelo ritual que, ao longo dos anos, se ia repetindo.

Montaram a árvore na sala, no sítio do costume. Cada bola dourada era uma lágrima, as brancas eram a alegria dos catraios; os anjos eram a tristeza que contrastava com o brilho dos olhos deles. A rede mostrava como sentimentos diversos se entrelaçam de forma ambígua, contraditória, quando se tem um acto de tanto significado. A árvore iluminou-se de mil luzinhas brancas e uma mais forte, bem lá no cimo, parecia que sorria.

Descobriu que, por muito triste que se sinta, por muita vontade tenha de adormecer e acordar no fim de Janeiro, bastam 2 sorrisos e um sonho para que seja Natal.

No início era o Verbo..

E depois vieram os computadores.
De secretária, estáticos. E veio a Internet. Ali em casa, à mão de semear, abre-se um mundo novo. Um verdadeiro luxo.
E depois vieram os portáteis.
Começamos a levar a nossa vidinha informatizada dentro de uma pasta e, à noite, confortavelmente instalados, ligamo-nos ao mundo para ler, conhecer pessoas, trabalhar, aprender coisas novas ou simplesmente passear.
E depois vieram as placas 3G.
Temos internet em todo o lado, cada vez mais dependentes dela para tudo sem que nos apercebamos disso.
E depois veio o Homem. Ou, neste caso particular, a Mulher. E está uma semana sem internet porque se esquece da placa 3G no gabinete em Lisboa e, quando vai a Lisboa, se esquece do portátil em casa!
Uso a internet há 7 ou 8 anos, não posso precisar.
Fora o período de férias e alguuns casos pontuais em que tive as coisas mais ou menos programadas, nunca estive tanto tempo sem ela. E dei comigo a ter que fazer pagamentos no Multibanco, a passar os olhos pelos cabeçalhos dos jornais nas bancas, a escrever textos que estão em rascunho para depois serem aqui postos (ou não), a aproveitar as horas de almoço para, no emprego, poder vir ler os mails, a preparar trabalhos que estão inacabados por falta de fotos, a receber telefonemas " mas o que é feito de ti?" enfim, descobri que a minha dependência cibernáutica é um bocadinho maior do que eu supunha.
Agora, com tudo de volta ao normal, só posso soltar um sonoro " raimapartam!!!!"

dezembro 02, 2005

A porta abre-se.Sozinha, ninguém entra por ela.
Espreita a medo a vida que corre lá fora , turbilhante, e regressa à casa escura.
A luz do dia, brilhante, entra a rodos pela casa adentro e vai-se transformando numa réstea à medida que fecha a porta.
Observa aquele raio único, cintilante e resolve avançar. Reabre a porta de rajada e sai para a rua; enche os pulmões de ar e observa as pessoas amorfas, apressadas sem destino traçado.
Também não tem para onde ir mas entra na multidão. Pára. Não vai ser mais um ...
Resolve caminhar contra a corrente humana. Por nada, apenas por ser do contra.
E sorri enquanto caminha. Ser do contra já é uma resolução...
Cisternas de Pequet
manobras de chamada e de reabsorção
1,2,3...
1,2,3...
mastectomia
linfedema
triângulo de Mascagni
1,2,3...
1,2,3...
linfa
linfa
linfa
sistema linfático
nódulos linfáticos
drenar drenar drenar
1,2,3...
1,2,3...

( Ainda dou em doida antes de a formação acabar!!)