janeiro 29, 2006

Aventura na A1







Não foi muito agradável, confesso.
Começou a nevar estava eu a passar ao lado do aeroporto e o cenário foi o que estão a ver aqui , até chegar perto de Santarém.
Ir em fila indiana em cima de gelo não me agradou nada.
Assim como demorar duas horas e meia para um percurso que faço em pouco mais de uma hora.
Mas tudo tem o seu lado positivo: não sabia que o meu carro conseguia fazer média de 3,7 km/100!!
Fotos tiradas com telemóvel

janeiro 25, 2006

Fotografia de Rafael Roa

Sufoco.
Sinto a falta de ar no peito, no cérebro, a inconsciência aproxima-se a passos largos até que, aos poucos, a escuridão vai tomando conta de mim e me puxa para destino incerto.
Não tenho dor.
Não tenho memórias.
Não tenho nada.
Solto um grito que não oiço num espaço que não existe.
Não quero estados indolores em redomas intocáveis.
Quebro barreiras, preconceitos e estigmas.
Sangro lágrimas que me tocam a pele e se transformam em espinhos.
E percebo que sentir faz parte de estar viva.
Encho então o peito colapsado de ar, deixo-me inebriar com sensações desconhecidas, porque esquecidas.
Danço com as minhas mágoas, brinco com os meus medos, toco as minhas feridas.
E sinto. SINTO!
Então fecho os olhos e adormeço num sonho onde, um dia, algures, haverá rotinas felizes à minha espera.
E, a dormir, sorrio.

(I)lógica masculina

Conversa tida há umas semanas...
_ Pois, mas ele nem gosta dela... Gosta mesmo é da ex namorada, que lhe deu com os pés. E com esta anda no pega e larga consoante a ex lhe dá mais ou menos bola...
_ Mas se não gosta dela, porque é que anda com ela. Pior: porque é que lhe mente e diz que a ama e essas coisas todas?_ perguntei eu.
_ Não sei...

Conversa a semana passada no MSN... ( outro interlocutor e caso diferente do anterior)

_ Ainda estás na mesma?
_ Estou.
_Mas se não gostas dela porque não acabas com isso de vez?
_ Ela vai perceber que isto não tem futuro.
_ 'Tá bem, mas andar assim a iludir a rapariga, parece-te bem?
_ Olha, diz isso à minha pila! ( Não foi bem assim, mas vocês percebem)

Alguém me explica esta lógica, por favor?
Se se gosta, tudo bem.
Se não se gosta, acaba-se a relação... não deveria ser assim?
Namorar por namorar?
Criar expectativas erradas?
Porquê?
Será que os homens amam verdadeiramente? Ou apenas não gostam de estar sozinhos e vão trocando de companheira consoante lhe agradam mais ou menos?
Isto começa a ser demasiado confuso, confesso...







A Sarita do O Mundo à Janela lançou-me este desafio. Por ela, respondo...


Há 10 anos...
1. Ostentava orgulhosa um barrigão de 39 semanas de gravidez. Uma semana depois nasce a minha menina dos olhos grandes.
2. Trabalhava 22 horas por semana e achava desgastante.
3. Questionava-me já sobre muitos aspectos da minha vida.

Há 5 anos...
1. Já estava divorciada.
2. Meti pela primeira vez a chave na porta da MINHA casa.
3. Trabalhava 45 horas por semana.

Há 2 anos...
1. A vida corria sem sobressaltos.
2. Recomecei a questionar a minha Vida e a ter noção do que me faltava.

Há um ano...
1. Estava em estado de choque com a morte do meu irmão.
2. Percebi que a Vida é demasiado curta para morrermos sem lutarmos pelo que queremos.
3. Senti que tinha falhado quase todos os meus sonhos.

Ontem...
1. Vi a alegria nos olhos da minha filha por me voltar a ver.
2. Trabalhei até às 8 da noite.
3. Perdi as estribeiras com o meu filho e dei-lhe um estalo.

Hoje...
1. Estou triste.
2. Sinto-me a falhar em muitas coisas.
3. Estou apaixonada.

Amanhã...
Aprendi da pior forma que pode não haver amanhã

5 coisas sem as quais não consigo viver...
1. Os meus filhos.
2. O respeito por mim própria.
3. Tranquilidade
4. Ambição de uma eternamente insatisfeita
5. Saber que tentei tudo para ser feliz

5 coisas que compraria com 1000 euros...
Isso não chega para nada, pá!

5 maus hábitos que tenho...
1. Teimosa
2. Demasiado frontal ( bruta, na versão hardcore)
3. Desconfiada
4. Crédula ( parece um paradoxo com o anterior, mas não é)~
5. Ser estupidamente romântica.

3 coisas que metem medo...
1. Que um dos meus filhos morra antes de mim.
2. Cobras.
3. Chegar ao fim da vida e sentir-me uma falhada.

3 coisas que tenho vestidas...
1. Bata branca
2. Calças pretas
3. Botas pretas

3 coisas que quero muito neste momento...
1. Que o meu filho perceba porque lhe bati ( Esta vai ser difícil)
2. Ouvir a tua voz, porque me sabes tranquilizar. ( Esta é improvável)
3. Consegui sair daqui o mais depressa possível. ( Esta é quase impossível)

3 lugares que gostava de visitar...
1. Viena
2. Praga
3. N.Y.

Não passo este teste a ninguém... No entanto, se alguém o resolver fazer e publicar, era giro deixar ali nos comentários o link. :-)

janeiro 23, 2006


Percorre o caminho com os pés descalços. As gotas do orvalho da manhã molham-lhe os dedos enquanto sente a erva fresca debaixo de si.
O silêncio que reina é interrompido apenas pelos seus passos a restolhar, sincopados, por entre ramos secos.
Pára.
Não se ouve um som sequer.
Respira fundo e deita-se no solo, olhando o céu azul entrecortado pelo verde das árvores. Aos poucos, o sol vai nascendo e a luz modifica as cores da natureza.
Respira fundo e ri enquanto rebola na erva. Sente o cheiro da terra molhada, tão próxima de si e tão sólida que lhe dá uma segurança nunca antes sentida.
Levanta-se a contragosto, desagrada-lhe quebrar aquela harmonia.
Leva na mão um punhado de terra e ervas …

janeiro 21, 2006



Sangram-me os dedos por não escrever.
É um vício que se enraíza em nós, que faz com que as as emoções se esvaiam ( as nossas e as dos outros; aquelas que imaginamos, que sonhamos, que sentimos, que inventamos por completo).
Deixo que as palavras escorram de mim como gotas de sangue, de seiva criadora que, letra após letra, formam vidas regeneradas ( quem sabe criadas?) através das ideias que vão surgindo à medida que os dedos percorrem o teclado.
Está entranhada em mim, tornou-se uma necessidade básica como respirar ou comer.Frusta-me olhar para o texto, sempre inacabado, e ver apenas um pálido reflexo das cores fortes vivas que quero transmitir.
Mas não será assim que deve ser?
Devemos deixar a quem lê o prazer de compor, à sua imagem, as palavras que faltam para que o texto fique completo. E assim ficarmos, também, completos.

janeiro 08, 2006

Os blogues começam porque nos apetece.
E acabam pelo mesmo motivo.
Há outros que param por algum tempo, como vai ser o caso deste. Mas pelo mesmo motivo: porque me apetece.
Até um destes dias.

janeiro 04, 2006



Está escuro no quarto. Não se vê nada, apenas se ouve e sente.
Estou abraçada a ti, as minhas pernas entrelaçam as tuas e tua respiração, compassada, faz subir o meu braço ao teu ritmo. Dormes um sono sereno e eu encosto a cara no teu peito para sentir o teu cheiro. A dormir, aninhas-te ainda mais e beijas-me os cabelos.
Sorrio e tento conciliar o sono.
Viro-me de costas para ti lentamente para não te acordar mas tu, pressentindo a minha falta, vens encaixar em mim enquanto me apertas a mão com força. Depois cinges-me pela cintura e tornas a beijar-me.
E adormeço sentindo-me a Mulher mais feliz do mundo.

Memórias subterrâneas

A semana passada andei de metro.
Coisa que não acontece muitas vezes, confesso. Sou um pouco avessa a transportes públicos.
Tarde, depois de jantar, as carruagens quase vazias, dei comigo a percorrer memórias de há muitos anos, acontecimentos que eram reavivados dentro de mim apenas pela visualização do nome da estação.
Picoas é uma das minhas favoritas: lembro-me de ir, no Natal, ao Imaviz com os meus pais e o meu irmão fazer compras. O cheiro daquele centro comercial e a cor da alcatifa estão tão presentes em mim como se a visita tivesse sido ontem; o Pai Natal deu um balão ao meu irmão que, heroicamente, o segurou num metro apinhado de gente, pequenito no meio da multidão, para depois o deixar fugir assim que chegámos a céu aberto.
Lembro-me de Alvalade também por causa do centro comercial, de ir à Sempre Em Festa comprar coisas que não se viam em mais lado nenhum.
O Rossio é, na minha memória, uma multidão de gente que entrava e saía das lojas desordenadamente.
Sete Rios é o zoo, Palhavã é o IPO e as muitas aulas que lá tive.
O Campo Pequeno era sempre feito a passo de corrida, atrasada para o Curry Cabral onde uma monitora de estágio não perdoava que se adormecesse por causa de uma noitada.

Cada estação tem uma memória própria, uma história para contar. Milhões delas , de pessoas que ali passam todos os dias, indiferentes. Sem se aperceberem que parte da sua história fica escrita naquelas paredes.


Vou até onde a escrita me leva, deixando o acaso percorrer as teclas num texto sem nexo enquanto a mente vagueia, célere, por caminhos que a consciência evita percorrer. Tortuosos, possuem recantos escondidos e sombrios, onde até o meu mais profundo “eu” receia entrar. Desconheço parte de mim, ou deixei de me conhecer ao longo dos anos. Não me aceito. Não me respeito. Não gosto de mim. Desprezo a imagem que vejo reflectida nos olhos dos outros.

Quero um trampolim gigante onde possa saltar rumo ao infinito e, lá de cima, ver pequeninas as pessoas por quem passo agora indiferente. E, quando fizesse a viagem de retorno, aquela da qual não se volta nunca, fá-lo-ia finalmente com um sorriso nos lábios, ironia de quem sabe que, depois, nada importa.

Nota: Antes de me virem aqui moer a cabeça digo já que isto não é um post pessoal mas sim uma imagem que me foi transmitida hoje durante uma conversa.

janeiro 01, 2006

Auto-retrato



Isto começa bem: no primeiro dia do ano, consigo perder o comboio!
E tudo porque as poucas centenas de pessoas que estavam em Lisboa hoje à tarde, decidiram ir todas ao mesmo tempo ver a arvoris horribillis que alguém deixou no Terreiro do Paço e ainda não foram buscar. Resultado: toda a cidade estava deserta a não ser o engarrafamento que começava a meio da Av. da Liberdade e acabava junto ao Tejo... porque os senhores automobilistas contornavam a árvore e voltavam pelo mesmo caminho. Do outro lado, em Santa Apolónia já havia fila, sempre em direcção da nova atracção lisboeta.

E lá cheguei à estação com 10 minutos de atraso e, com o bilhete do Intercidades, apanhei o regional. A viagem que no primeiro comboio demoraria uma hora durou duas, mas agora até o regional tem ar condicionado e bancos tipo metropolitano. Fiquei surpreendida, a sério... E depois, duas horinhas até se passam bem a ler, a jogar trivial no telemóvel e a ouvir música no leitor de mp3.

Perder o comboio no primeiro dia do ano é mau sinal? Talvez...
Mas a minha avó sempre disse: " Nunca gostei de ver bons princípios..."
Se ela estava certa, este vai ser um bom ano.