junho 28, 2006

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SOCORRO!
Local: O Centro onde trabalho
Hora do almoço, refeitório.
João: Ó Ana, estas nêsperas são tuas?
Eu: Isto não são nêsperas, João; a Carla é que tem as nêsperas, isto são as ameixas. Repete lá, vá, como se chama esta fruta?
João: Zameixas!

( Ai eu...)

junho 26, 2006


Observo. Concluo. Afasto-me.
Encerro-me na concha onde ninguém me pode tocar.
Fico cerrada no meu mundo, na minha redoma de emoções e aperto firmemente os bordos para que não me invadam. Para que não me magoem.
Não quero. Não agora. Nunca mais.
Cá dentro sou eu e apenas eu, observando o mundo numa suave transparência mas sem me misturar.
Não me procurem, fico aqui. Para sempre.

junho 25, 2006

Mexida nos links ali ao lado.
Saíram uns e entraram outros.

Insónia

Isto são lá horas de uma pessoa não ter sono?
Arre bolas!

junho 24, 2006

Fim de ciclo

Dia cansativo, para culminar uma semana igualmente fatigante.
Para acabar o dia, a festa de final de ano da minha filha mais nova. Ansiava por este dia porque, quando "eles" estão de férias, acabo por estar muito mais liberta de horários e coisas do tipo " Já estudaste?" ou "Vai-te deitar que amanhã é ia de escola".
A festa, igual à de todos os anos, já tinha começado há muito quando cheguei para jantar. Enquanto esperava que o espectáculo que professores e crianças tinham preparado começasse, olhei para aquela escola que já foi minha e começou a invadir-me uma enorme nostalgia. Seria, provavelmente, a última vez que ali entrava. Quando são os filhos mais novos a acabar a escola tem-se essa sensação, acho. Não haverá mais ninguém a repetir aquela rotina.
São portas que se fecham para que outras se abram.
Fins de ciclo dolorosos, porque nesses momentos temos a perfeita noçao de quão rápido o tempo passa.
Olhei para ela, feliz no meio do colegas, uma vida inteira à sua espera sem que ela o saiba.
E apeteceu-me tê-la de novo nos braços, a minha bebé querida.
Não percebia porque é que as pessoas tiravam fotografias a outros miúdos quando a menina mais bonita do mundo estava ali, à frente deles.
E, quando já tarde a festa acabou e ela me deu a mão e disse " Vamos embora, mãe?", abracei-a com força e respondi: " Vamos, querida".
Lancei um último olhar à escola e viemos embora sem olhar para trás.

junho 21, 2006

Dinner, anyone?


Dois tomates,
um ovo cozido,
um rolo de tofu e seitan,
quadradinhos de mozarella
A pièce de resistance são os oregãos para polvilhar.

Estava excelente :-)
Deixem-me voar…
Quero elevar-me bem alto, para onde as distâncias não têm qualquer significado e o tempo pára. Não me sigam, não me procurem. Vou planar sozinha ao ritmo dos ventos. Só eu e o infinito…
Não quero amarras, rastilhos, elos ou correntes.
Quebro todos e tudo à minha passagem, espalho dor à minha volta.
Porque não respeito, não aceito, só eu conto, eu e eu.

Assim, deixem-me voar…
E, se algum dia regressar, talvez poise numa vida melhor.
Ou talvez paire eternamente…

Fotografia de Luc Hyvert-Besson

junho 19, 2006


Lá vi,no sábado, o primeiro jogo deste Mundial.
O de Portugal contra o Irão, pois; em circunstâncias tais que não resisto aqui a contar como foi.
Ando a fazer formação e, no sábado em questão, tinha sessão das 9 da manhã às 6 da tarde.
Mal chegámos, começou toda a gente a tentar negociar com a formadora a hipótese de nos deixarem ir ver o jogo. Irredutível, a senhora, disse que se nos aparecesse uma auditoria estávamos todos lixados por que 100 horas não são 98 horas.
Depois puseram a hipótese de fazer o intervalo do almoço das 2 às 3 horas, coisa a que ela respondeu que, se não estivesse toda a gente às 3h 10 min na sala, havia faltas. Feitas as contas, até às 3 da tarde não viam o jogo todo.

Começaram então a lançar olhares sedutores à televisão que se encontrava na sala. Em vão, porque a dita não dispunha de antena. Já desesperados juntaram-se a um canto a congeminar. Eu só me ria, levando a formadora a achar graça àquele motim.
( Faço aqui um parênteses para explicar que somos uma turma bastante interessada e temos uma excelente relação com a formadora).

Vem então de lá uma porta voz que explica que, morando duas ruas acima do local onde estávamos, se disponibilizava para ir a casa na hora de almoço buscar uma antena se a formadora autorizasse a que se assistisse ao jogo na sala. Se tocassem à campainha do edifício, desligava-se tudo e agia-se como se nada se passasse.
Ela lá concordou e, às duas da tarde, lá veio a moça com duas antenas, por via das dúvidas.

Em vão. A sala ficava numa cave e sinal de antena, nem vê-lo.
Já desesperados, dois colegas agarraram na televisão e foram direitos à recepção, no rés-do-chão. Gritos de alegria mostraram que a ideia tinha resultado: com alguma chuva, lá se estava a ver o jogo . Eis que uma das colegas saca de uma bandeira de Portugal de dentro da mala e a coloca no meio do semicírculo que entretanto tínhamos formado, com qualquer coisa por baixo que não consegui perceber o que era.
Intrigada, fui espreitar, apesar dos protestos dela... a imagem de uma santa , que me pareceu a nossa senhora de Fátima!

E pronto, duas horas de chão, com patriotismo à mistura e muita reza , pelos vistos... valeu-me a colega do lado com quem discuti qual era o melhor par de pernas da selecção!!

O resto da tarde, já se sabe, foi um contra relógio de matéria... mas cada um tem o país que merece e não me alongo sobre isto sob pena de receber mais uns quantos mails.

2º aniversário

Este blog fez dois anos no dia 1 deste mês e não é que só me lembrei agora?

junho 18, 2006

Moi?

Soube hoje, pelo Pre, que fui citada pelo Pedro Rolo Duarte na terça-feira, no seu programa da Antena 1, " Janela Indiscreta". O meu post sobre a Feira do Livro, escrito no dia 5, foi lido na íntegra por ele.
Achava que as pessoas que visitavam este cantinho eram sempre a mesma meia dúzia. Afinal parece que não.
Obrigada, Pedro.
O link do programa fica aqui.

junho 16, 2006


"Nós dois, entre o Céu e a Terra, contemplando perplexos o espectáculo do mundo."
adaptado de Miguel Torga, in " Contos da Montanha"


Porque há momentos que só os grandes escritores sabem descrever. Obrigada por me teres proporcionado um deles.

junho 14, 2006

Enterra as mãos limpas na terra escura.
Aos poucos, a pele branca desaparece, fundindo-se com o solo seco e poeirento.
Cerra os dedos tentando, em vão, agarrar as partículas que se lhe escapam por entre os dedos numa dança de movimentos fugazes.
Pára.
Caem-lhe grossas lágrimas que instantaneamente se fundem com a terra. Lama.
Quando retira as mãos, as suas memórias vêm misturadas com as daquele solo fértil de sentimentos.
Deixa-se ficar deitada nele para sempre...

junho 13, 2006



Quase sete e meia da tarde, saio cansada do gabinete e desço no elevador até à rua. Lá fora, sou apanhada desprevenida por gentes que se preparam para mais uma noite de Santo António. Em frente à porta as bancadas já estão cheias de gente que, animadamente, vai gozando o fim de tarde e espera que as marchas passem daí a umas horas.
Um pouco mais abaixo, no Tivoli, vejo um grupo de pessoas vestida a rigor para a noite, com muitas fotografias e reportagens de tv à mistura. Cerca de uma dezena de miúdos agita bandeiras de cores lisas cujo significado desconheço.
Aos poucos, esboço um sorriso nostálgico pela lembrança de outras noites iguais a esta, não passadas na avenida mas sim pelas ruelas de Alfama. Vinte anos, pensei... já passaram vinte anos.
Esgueiro-me discretamente por entre as pessoas e o trânsito parado, perdida em recordações desta cidade da qual tanto gosto e que cada vez sinto menos minha, mais longe de mim. Escapa-se-me em cada dia, em cada semana que passa e os sonhos são atrasados e transformados em angústias.

Num acto reflexo, ao descer as escadas do metro ali na Avenida, meto a mão na mala e vejo que me esqueci do telemóvel no gabinete. Bonito, pensei... volta para trás e depressa, que sabes que detestas chegar atrasada onde quer que seja, muito menos a jantares onde estão à tua espera.
E já estou de novo a entrar para o elevador que, desta vez, trazia a porteira que despejava o lixo.
Boa tarde, disse eu.
Boa tarde, menina, disse ela.
Sorri com o " menina"... já há algum tempo que não me cumprimentavam assim.
Boa noite de Santo António, atirei-lhe eu em jeito de despedida.
Para si também, menina. Divirta-se e descanse que amanhã é feriado; quinta feira cá estamos.
Não me apeteceu explicar-lhe que, para mim, amanhã não é feriado e que provavelmene na quinta feira não me veria.
Preferi voltar a descer a avenida com um meio sorriso e a pensar que,se calhar, a cidade também é um pouco minha.

junho 12, 2006

Tenho saudades...

.... do cheiro dos meus filhos quando eram bebés.
... das férias no Algarve há 2o anos.
... de ver a minha mãe sorrir.
... de me rir como se não houvesse amanhã.
... de dormir sem sonhar.
... de ter certezas.
... do meu irmão.
... de amigos que a vida fez afastar.
... de ter tempo para mim.
... de ti.

junho 11, 2006


É entrar senhoras e senhores, é entrar.
Bem vindos ao carrossel da vida, que nunca se sabe como vai acabar.
Preparem-se para viagens estonteantes, aparatosas quedas e muito mais!!
Pode entrar toda a gente, novos e velhos, homens, mulheres e crianças.
Mais uma viagem, mais uma corrida....
Compre o seu bilhete, atenção que é só de ida.
Não sai quando quer, nunca mais sai, gira e rodopia, cai,levanta-se e volta a cair.
As feridas são curadas em movimento, novas emoções logo surgirão.
Não perca, não perca.
Segure-se onde puder, como puder, a velocidade vai aumentar.
Tem medo? Não entrasse.
Salte para fora em movimento, estatele-se no chão e fique aí a ver todo o divertimento. Ou então não salte e sujeite-se às mais espectaculares manobras.
É entrar, é entrar...

Castelos de areia

Aparentemente sólidos. Realmente frágeis.
Horas, dias, meses de trabalho. Desmoronam num segundo.

Castelos de areia ou relações humanas?

junho 10, 2006

Está um novo link nos blogs, ali ao lado. Bons textos,curtos; e fotos de cortar a respiração.Vale a pena.

Já a minha avó dizia...

..." Não há nada que mais pague do que a língua".
Compro o Expresso de hoje e vem no saco uma bandeira de Portugal de metro e meio. Chego a casa e a mais nova,que devia era ficar calada, mostra-a ao irmão, que vai logo para a varanda.
_Nem penses, digo eu! Não quero isso aí...
_ Ai não? Ai não?! Fica aqui no sofá até ao fim do Mundial, para não seres chata!
O resultado foi este...

Estou tramada.

Não digas nada.
Não me peças nada.
Deixa-me só deitar a cabeça no teu colo e fechar os olhos enquanto as lágrimas me escorrem , cara molhada de sangue enquanto me envolves nos teus braços.
Podias ser irmão, amigo, amante.
Abraça-me. Deixa-me baixar as barreiras, tornar-me indefesa e, mesmo assim, sentir-me segura.
Sem me sentir culpada , sem achar que te uso. Porque não consigo retribuir a imensidão que me dás.
Fiquemos apenas num abraço apertado, sem presente nem futuro.
_Mãe, já escolhi...
Levantei a cabeça do livro com ar interrogativo.
Isto_ disse ele_ as minhas disciplinas até ao 12º ano.... depois é Gestão ou Economia.
Mostrou-me o futuro traçado num papel, o meu menino que ainda ontem me dizia no infantário: não vás imbóia, mãin... ficáqui a bincái cumigu.
Cresceu e comove-me, criança grande que quer ser crescido, tão grande que já não me cabe no colo, pedaço de mim maior do que eu.
Sinto que a vida se me escapa enquanto a dele avança. Será que é assim mesmo? A vida esvai-se de pais para filhos, numa involuntária cadeia animada? Se assim for, vale a pena. Passo-lhes a força, fico a vê-los crescer e, quando um dia fechar os olhos, será com um sorriso nos lábios.

junho 08, 2006

Rasga o escuro que o persegue às cegas, sem ver para onde vai. Não importa. Segue caminhos que não conhece tacteando, inseguro. Cai. Levanta-se. Volta a cair. Magoa-se. Levanta-se de novo. E segue em frente, sempre em frente, sem olhar para o que fica para trás. Porque em frente é que importa, seja qual for o caminho.
E, lá ao fundo, começa a aparecer uma pequena luz que primeiro encandeia, depois deslumbra e finalmente brilha, para guiar os novos passos. Passos de uma nova vida.

junho 07, 2006

Oh Sérgio, tens tanta razão...

"A principio é simples, anda-se sózinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida."


Eu sei que se escreve "sozinho" e "burburinho",mas aquilo é um copy/past, não m'atentem!

junho 05, 2006

Feira de horários

No sábado fui à Feira do Livro de Lisboa.
Hábito antigo de quem gosta de subir e descer o Parque a folhear livros novos, a trazer memórias ao passar nas mãos livros que já não vê há anos e até despertar para livros esquecidos lá no fundo de nós.
Sábado à noite, acompanhada com amigos mas sozinha por entre pensamentos e memórias, ziguezagueei pela multidão até quase à meia noite, hora do fecho.
Quinze minutos antes, os vendedores começaram a retirar dos expositores da frente os livros, lançando olhares de solaio a quem os tentava ainda folhear. Um ou outro já começavam a fingir não ouvir uma pergunta.
Meia noite em ponto. 90% dos pavilhões encontravam-se já encerrados, depois de eu ter visto pessoas que, em vão, ainda queriam comprar algum livro e a quem era respondido não ser possível por a caixa já estar fechada.
As pessoas iam abandonando o recinto com um ar levemente confuso.
Há qualquer coisa nesta Feira que deve ser mudada para os próximos anos...