outubro 29, 2005


Despe a roupa.
Despe-se de preconceitos.
De convencionalismos.
De normas sociais.
De dogmas religiosos
Coloca-se nua em frente ao espelho e vê-se, pela primeira vez, tal como é; sem a capa social que
usa, cada vez mais pesada à medida que os anos passam. Sente-se leve, solta e ri-se à medida que mete os dedos por entre o cabelo e o sacode.
Respira fundo e assume um acto de coragem:
Nunca mais se vestirá.
Passará a ser aquilo que o seu interior lhe ditar e, de cabeça erguida, passara por entre todos aqueles que, de braços cruzados e ombros descaídos e carregados , olharão incredulamente incomodados para a sua nudez.
A roupa? É o que menos importa...

outubro 25, 2005

Sou facilmente viciável, confesso.
Nem em atrevo a fazer um sudoku, senão já sei que estou lixada.
Mas dei com este jogo por acaso e é a desgraça....

Where am I?

Fecho os olhos e tento tocar o futuro.
Intocável, ele.
Estendo as mãos e apenas encontro o vazio, o nada, o escuro.
Invade-me o medo e fecho-me em mim.
Olho em volta.
Nada.
Ninguém.
Fecho os braços em torno de mim mesma e abraço-me.
Respiro fundo, sustenho a respiração e dou um passo em frente.
Mesmo que caia, sei que cairei de pé.

outubro 23, 2005

Foxtrot


Este é o mais recente membro da família.
Chegou hoje e já fez sucesso.
Bastou ver o brilhos nos olhos dos miúdos.
Curioso, brincalhão, lindoooooooooooo.
Vai-nos fazer bem a todos.
E vai ser mais um motivo de histórias bloguísticas.
:-)

outubro 21, 2005

Raining outside.
Raining inside.
Why can't it rain only once at the time?
Drops of rain should never be mixed with drops of tears.

outubro 20, 2005

Reflexos em simetria.
Completam-se, apesar de opostos.
Lado solar e lado lunar, equilíbrio entre pares.
Espelhos.
Quem é quem, nesta amálgama de imagens?
Não sei quem sou, se reflexo se essência.
Existes dentro de mim, quando fecho os olhos e te sinto; porque quando os abro não te vejo.
Não és palpável. Estendo a mão e sinto apenas o frio do espelho. Mas estás lá.
Serás um reflexo de mim?

outubro 18, 2005

Gostava tanto de vos poder ler...
De percorrer os favoritos , saborear o que escrevem, comentar quando achar que devia ou apenas sorrir.
Mas, quando a vida começa a sofrer grandes mudanças, as prioridades invertem-se e, às vezes, deixamos de fazer temporariamente aquelas pequenas coisas que nos dão tanto prazer em detrimento de outras que são prirotárias.
E a minha Vida está a mudar. Quando tudo estiver mais assente, eu partilho aqui convosco, como tenho feito com tantas coisas no meio de estórias inventadas que a maioria confunde com acontecimentos reais. Alguns há, de facto , que são reais. A maioria são apenas inventados ou levemente baseados em sensações.
Mas isto já vai a fugir ao tema :
O que eu quero dizer é que, apesar de pouco escrever e muito menos comentar, continuo aqui, apesar de menos regularmente.
Até sempre.

outubro 16, 2005

Pequeno-almoço. Dois pequenos-almoços.
Uma noite partilhada, intimidades vividas, cumplicidades que não precisam de palavras para serem sentidas.
Olhos que sorriem enquanto partilham a refeição. Saber que muitas outras refeições serão partilhadas dali em diante.
Mãos nas mãos, alturas houve em que a comida esperaria para se consumirem no acto de se amarem.
Não há pressa, agora. Apenas o desejo que, sabem, têm todo o tempo do mundo para saciar.
Comem demoradamente, saciando o apetite que a noite apaixonada lhes criou.
Beijam-se entre um golo de sumo de laranja e um pedaço de torrada.
Respiram o ar quente da manhã, felizes pelo sol que lhes aquece a pele, por estarem juntos, por se terem descoberto.
E saem para a rua de mão dada, rumo a uma vida comum.

outubro 13, 2005




Cai sempre, cada vez mais.
Não vê o fundo.
Está escuro e já não sabe se sobe ou se desce, perde por completoa noção .
Apenas sabe que se move e a grande velocidade.
Fecha os olhos.
Abre os olhos.
Nada.
Escuridão total.
Rodopia no espaço e flecte-se sobre si mesmo, instintivamente em posição fetal para se preteger.
E gira, roda, rodopia.
E cai.
Pergunta-se quanto mais tempo irá cair.
Tempo. Que tempo?
Ali não existe tempo nem espaço.
Grita, mas nenhum som lhe sai da boca.
Desiste e deixa-se ir até ao sítio onde sabe que deixará de existir.
Acorda encharcado em suor.

outubro 11, 2005

Cercas



Há uma cerca que nos separa. Tu de um lado e eu do outro, espreitamos, vigiamos, avaliamos. Tu não passas para o meu lado da cerca e eu não transponho a barreira que nos separa.
Não me lembro sequer como esta cerca apareceu. Um dia acordei e constatei que estava lá. Agora, à distância, apercebo-me das pequenas tábuas que se iam amontoando às quais, erradamente, não dei a menor importância. E, de repente, cá está ela. Separados, o teu mundo e o meu. Tentamos às vezes derrubá-la, mas as farpas que se espetam impedem-nos de continuar. Ficamos sempre magoados, tu e eu.
Lembro-me quando só havia um terreno amplo, totalmente aberto e claro, em que corríamos, jogávamos à apanhada e nos sentíamos bem.
Estamos encurralados, cada um do seu lado. E sozinhos.
Talvez um dia uma brecha se abra nas velhas tábuas de madeira e possamos dar as mãos...

outubro 09, 2005

País

Não vou apetecia comentá-las.
Ainda estou chocada com alguns dos resultados, como a eleição da Fátima Felgueiras... e com maioria absoluta.
Desde que me foi permitido por lei votar, nunca falhei umas eleições. Porque acho uma cobardia deixar nas mãos dos outros o destino de um país que é de todos nós.
E é disso que me apetece falar. Do meu país. Desta terra que sinto minha, da História secular de que nos orgulhamos, da coragem na tomada das grandes decisões pelos Homens e Mulheres queaqui viveram antes de nós. Gente de sangue na guelra, cheia de ideais e capazes de dar até a própria vida para que se concretizassem. E com eles fomos uma Nação falada e respeitada no mundo inteiro.

E agora olho em volta e vejo um povo cinzento, acomodado, a trabalhar individualmente para o bem pessoal ( nem que para isso tenha que prejudicar quem o rodeia), pessoas que querem empregos mas não um trabalho, um povo que se habituou a utilizar as palavras crise e tempos difíceis como desculpa para a falta de motivação e competência profissional.

Não digo que uma grave crise não esteja instalada no país. Outros há, bem mais habilitados para isso do que eu, que o dizem há muito.
Mas o que quero questionar é o que cada um de nós, individualmente, fez para que o país saia dela. Porque o país somos todos nós.

outubro 07, 2005

Gotcha!!

E pronto fui apanhada!
Hoje, ao entrar no Centro, a primeira coisa que em disseram foi:
_ Estás muita gira, nas fotos do Blogantes.
Gelei.
O anonimato sob o qual escrevi durante um ano e três meses tinha-se acabado.
Também, ninguém me manda pôr fotografias identificáveis aqui.
Mas como a hipótese de alguém dar com isto era tão remota como ganhar o totoloto, arrisquei.
A quem me achou aqui, fique sabendo que perdeu a oportunidade de ser rico, porque há sortes que só se têm uma vez na vida :-)
Soube depois de mais algumas pessoas do Centro que também já têm conhecimento do blog, uma delas de há meses, na versão ainda sem foto.
A ideia aliciante de apenas algumas pessoas escolhidas a dedo terem conhecimento disto, acabou-se.
Duas ideias me passaram de imediato pela cabeça:
Uma foi fechar o Blogantes e " emigrar" para outras paragens.
A outra foi dar a cara e continuar. Porque gosto do nome e porque não tenho nada a esconder, optei pela segunda.
Um pedido apenas: Párem de comentar as fotos e deixem comentários nos textos, chatos dum raio!!! ;-)

Bem-vindos!

outubro 06, 2005

Rotinas or not rotinas?

Dia normal de trabalho: Entrada às nove; saída à uma.
Almoçar, ir buscar a pequena à escola, esperar que ela almoce, levá-la a casa da avó e fazer 10 km para a clínica.
Entrada às duas.
Saída às 6.

Acréscimo hoje por ter domicílio para fazer às 6 e meia ( mais 10 km), seguido de uma reunião na escola do filho às 8.

7:45, estou a sair do domicílio, toca o telemóvel. Era ele:
_ Mãe, posso fazer o jantar?
Nem quis acreditar, mas lá consegui balbuciar:
_Podes, desde que não me queimes a cozinha.

Ele riu-se e desligou.

Cheguei a casa e quase saí para entrar de novo. Nem parecia a minha casa. Ele fazia ovos mexidos e a pequena punha a mesa. Nem sinal de discussão.

Dou uma pequena sugestão acerca dos ovos que ele aceitou. Fui a correr para a reunião e, quando cheguei a casa os dois já tinham jantado, lavado a loiça, deixado a mesa posta para mim e a minha cama aberta , com o pijama em cima muito dobradinho.

Das duas, uma: ou isto foi influência do eclipse ou os meus meninos estão a crescer...

outubro 05, 2005



Sorris quando me vês. Estendes-me os braços e eu envolvo-te no meu colo. Beijo-te os olhos, as mãos, as bochechas...
Embalo-te e canto-te enquanto me escutas, atento, os teus olhos fixos nos meus, muito abertos.
As tuas mãos procuram o meu rosto e tocam-no, sentem-no. E eu sinto-te.
Deito-te no meu colo e afago-te o cabelo, enquanto te adormeço com o calor do meu corpo.
Sinto a impotência de não te poder dar tudo o que mereces, o que precisas. Porque ninguém vence a Morte.
Vejo os olhos do teu pai quando me sorris com os teus e deixo as minhas lágrimas molharem as tua pequenas mãos. Elas são o beijo que ele nunca te pode dar.
Quando cresceres, vou sentar-te no colo e contar-te muitas estórias dele. Vou mostrar-te os sítios onde brincávamos, as casas onde vivemos. Aqui foi onde ele caiu da bicicleta, aqui era onde ele apanhava as pedras que escondia debaixo da cama sem a avó saber...
Vais saber como ele andava feliz quando soube que ias nascer. Como ele escolheu o teu nome.
Como está vivo através de ti.

I feel goooooooooooooooooood, ta na na na!

Raisuspartam!

Vou ter vizinhos novos.
O andar por baixo do meu, desocupado há uns dois meses, foi comprado.
Os senhores lá devem ter pensado que a casa precisava de uns arranjos (perfeitamente lógico, apesar de o prédio ter apenas 4 anos).
Então hoje, feriado, às OITO DA MANHÃ em ponto, começaram... berbequins e martelos pneumáticos!
Quereram fazer uma casa nova lá dentro? Ainda por cima num feriado?
Já gosto muito dos meus vizinhos novos e, se a brincadeira se repete no fim-de-semana, vamos ter chatices...

Vou mas é para a rua, prefiro ouvir o trânsito!

outubro 04, 2005

Passo em frente



Esboçou um sorriso triste como ela. Deu um passo em frente.
Aspirou o ar fresco da manhã e deixou que este lhe invadisse o peito, renovando-a por dentro e por fora.
Um arrepio de frio percorreu-lhe o corpo, levando-a a aconchegar-se mais no fino casaco de lã.
O vento fazia com que os seus cabelos esvoaçassem, afastando-lhos da cara.
Fechou os olhos e deu outro passo em frente. Respirou fundo.
Olhou o mar lá em baixo, revolto, e deixou que os salpicos lhe atingissem os pés, as mãos, a cara...
Deu mais um passo em frente. Respirou fundo.
Susteve a respiração e começou a chorar.
Deitou-se na erva seca e ali ficou até o sol se pôr.
Depois caminhou, já noite, à beira do precipício até casa. Para mais um dia.
Um só de cada vez.

outubro 03, 2005

Médico

Hoje tive uma consulta médica. Problemas menores e revisão anual.
Estava marcada às 11.10 h e cheguei pontualmente à hora marcada, apesar de saber que o médico de pontual não tem nem o nome.
11.10
11.30
12.00
12.30
12.40
Finalmente e já a deitar fumo pelas orelhas, lá fui chamada.
(Resta esclarecer que já nos conhecemos há uns bons anos).

_ AAAHHHHHH.... hoje é que lhe dou uma sova, isto são horas de me chamar?
( silêncio)
(sorriso)
_ Uma sova? Prometes?

Já começam?

A semana passada recebi na caixa do correio cá de casa um folheto de um hipermercado com... artigos de Natal! Chocolates e afins, que está uma temperatura óptima para os conservar.

Hoje, no sorteio do loto 2 ( ou da lotaria, nem vi bem) a apresentadora disse que a lotaria do Natal já estava à venda. Aposto que para a semana começam os intermináveis anúncios alusivos ao tema.

Qualquer dia a publicidade do Natal começa em Janeiro!

Que enjoo...

outubro 02, 2005

Nunca pensei dizer isto

Estou farta de calor. Farta de Verão. O sol, demasiado baixo, incomoda no contraste com as noites frescas.
Quero poder acender a lareira,
enroscar no babe para dormir e não ter calor,
enrolar-me na mantinha de Inverno,
vestir as roupas quentes,
poder calçar umas botas,
ouvir a chuva a cair quando não tenho pressa para sair da cama,
beber cacau quente,
comer aquilo que só sabe bem com frio como uma bela feijoada,
ver o nevoeiro de manhã.

Sei que , quandos estas coisas acontecerem, ao fim de uma semana estou a bradar que quero o Verão e que não gosto de frio mas eu sou de contrastes.

Já nem falo da falta de água, que cada dia que passa me assusta mais e mais.