setembro 30, 2005



Vou de fim-de-semana.
Beijos e abraços.

setembro 29, 2005

Manhã:
_ O que se passa, Margarida? Que cara é essa?
_ Acabei de receber um telefonema. O marido da XXXXX acaba de morrer debaixo de um comboio.
_ O quê?
_ Pois. 44 anos. Três filhos.
..............................................

Tarde:
_Boa tarde, senhor Orlando.
_Bola tarde, Terapeuta. Então, já soube o que se passou?
_ Hum... não sei. Conte lá.
_ Conhece o XXXX XXXXXXX, aquele advogado casado com a XXXX?
_ Sim, claro. O que tem?
_ Hoje de manhã foi passear o cão, teve um enfarte e morreu...
..............................................

Foda-se.

setembro 28, 2005



Ouvi hoje esta música...
Já não a ouvia desde a última fez que vi o filme, há uns bons anos.
Travolta e Thurman, a dançar. Thurman e Travolta, naquele jogo de sedução único.
E descobri que este é o filme da minha vida. Sempre que me perguntavam qual era, eu hesitava entre muitos. Mas hoje não tive escolha, ele auto elegeu-se.
Amanhã vou alugá-lo e copiá-lo. Assim, descaradamente. Porque há coisas que são definitivamente nossas.

Vem uma tipa no ginásio para depois jantar pão de cereais, queijo da Serra, queijo da Ilha e meia garrafa de Borba branco?
Sinceramente...

setembro 27, 2005

A pele dela, negra como o ébano e quente como o sol de África.
A dele, clara como a luz de Lisboa.
Os olhos dela pretos, profundos, onde apetece mergulhar.
Os dele, de um castanho avelã quase transparente, mas envolvendo mistérios esquecidos.
Olham-se .
Sorriem, ambos com dentes brancos , perfeitos.
Encostam os lábios num beijo de diferenças cromáticas que fundem as línguas numa só.
Entrelaçam as mãos numa cumplicidade de contrastes perfeitos.
E seguem o caminho a dois que só aqueles que são completamente um do outro conseguem percorrer.

setembro 26, 2005

O F E R E C E M - S E


Sonhos e pesadelos grátis. Tenho para dar e vender em stock.
Daqueles que, de tão reais e possíveis, nos deixam todo o dia a pensar neles com um sentimento de angústia que nos aperta o peito.
Também troco por algumas horas de sono pacífico e calmo.

setembro 25, 2005

Tempos virtuais que não tenho

Para vir aqui postar.
Para ler sequer os blogs favoritos e comentar.
Para organizar os mails.
Para descansar.
Para navegar de página em página, de blog em blog e descobrir todos os dias coisas novas.
Bolas pra isto!

Grrrrrrrrr........

Nunca vos aconteceu irem lavar o carro, virem da lavagem com o carro todo pipi e cheiroso e, de repente, o caramelo que vai à vossa frente com um carro todo badalhoco, resolve lavar o vidro da frente e o enguicho dele vem acertar em cheio no vosso popó?
QUE ÓDIO!!!

setembro 22, 2005

Memórias de despedidas de Verão

( fotografia tirada com telemóvel)

A1.
Oito da manhã.
O nevoeiro invade-a, silenciosamente, trazendo de novo os fantasmas que tento afastar de dentro dela. Voltam depois de uma noite dormida entre pesadelos lógicos, com medos irracionais levados às últimas consequências.
Sabe o que a persegue, conhece à distância os sintomas.
O peito começa a apertar, as mãos ficam dormentes e a tremer,depois os tremores começam a percorrer o corpo todo, a cabeça lateja e, subitamente, sobe uma vontade de chorar tão intensa que acha que a única forma de tudo passar é bater com a porta e fugir.
Acelera, na tentativa de chegar a casa antes de se desencadear mais uma crise.
A bruma é cada vez mais forte e adensa-se dentro dela, cada vez mais. Começa a fazer respiração controlada, a tentar dominar a ansiedade, a dizer a si mesma que tem que se acalmar antes de tentar resolver a causa de tudo aquilo.

De repente, o nevoeiro cessa e o sol aparece, intenso, deixando-a encandeada por breves segundos. Respira com mais calma mas continua a andar depressa. Depressa demais, mas teve sorte desta vez.
Chega a casa e sobe as escadas a correr.
Toma um ansiolítico e deita-se sobre a cama.
Até a crise passar.

setembro 20, 2005

Engolir sapos vivos

Cheguei à clínica pontualmente às 2 da tarde, como de costume.
À porta, um jipe da GNR marcava posição e um guarda ladeava a entrada.
Franzo o sobrolho, digo um Boa tarde que me é retribuído e entro.
Na sala de espera, para além dos doentes marcados para aquela hora, mais dois GNR sentados.
Olho para a recepção que está vazia e parto à procura de alguém que me explique aquele mistério.
_Patrícia, mas o que se passa aqui?, pergunto assim que encontro a recepcionista de volta do arquivo.
_O quê, Terapeuta?
_ Ó rapariga, mas que diabo fazem ali três guardas?
Ela ri-se.
_ Ah, esses. Um deles é um doente novo para a Terapeuta, veio à consulta no sábado.
_ Então e os outros, que estão ali a fazer?
_ Vieram com ele...

O tratamento do doente em questão demora cerca de hora e meia. O protocolo com a GNR assume que o doente realize quinze sessões de fisioterapia. Isto quer dizer que, durante três semanas, três guardas e um jipe vão estar parados ( e nós a pagar, claro) só porque o sr agente resolveu fazer os tratamentos no horário de serviço.

E eu vou ter que o tratar e mostrar boa cara, quando me apetece dizer: Olhe, sabe que estas coisas são para fazer fora do horário sempre que possível . É que lá porque o senhor se lembrou de ir jogar futebol e se esqueceu que tem 50 anos eu não tenho que estar a pagar para isto, percebe?

O pior de tudo é que acho que ele não iria perceber mesmo...

setembro 18, 2005

Muito eu gosto destes testes

Your Birthdate: August 8

Born on the 8th day of the month, you have a special gift for business, as you can conceive and plan on a grand scale.
You have good executive skills and you're a good judge of values.
You should try to own your own business, because you have such a strong desire to be in control.

You are generally reliable when it comes to handling money; you can be trusted in this regard.
Idealistic by nature, you are never too busy to spend some time on worthwhile causes, especially if managerial support are needed.
There is much potential for material success associated with this number.


Bolas, isto até dá vontade de levar as minhas decisões para a frente!

SPAM

Estou farta de spams.
Não gosto daquela coisa de ter que confirmar umas letras antes de colocar um comentário, mas teve que ser.
Desculpem lá o mau jeito.

Today I feel like this


Descobertas

Através da Rosarinho, a menina do caixa, descobri este Blog recente e duro.
Vai tudo para os favoritos , que sou Mulher de chamar as coisas pelos nomes.

setembro 17, 2005

Por conselho de um sensato amigo, a partir de ontem a palavra de ordem é: CINISMO.


Noite após noite, o sono é difícil de conciliar. Ou adormeço muito tarde ou acordo cedíssimo. São quatro ou cinco horas de descanso, interrompidas por acordares frequentes e sonhos ( mais pesadelos) diários. A última noite não foi diferente. Sonhei que, aqui onde moro, estava às compras numa loja que nem sequer cá existe e, ao espreitar à janela( que de repente já era em casa de um grande amigo e ele fazia anos), descubro que o meu carro desapareceu. Saio a correr e levo o resto do dia à procura do carro e não o encontro nunca. No meio da busca, telefona-me a minha mummy ( que vive aqui mas no sonho vivia em Lisboa), a chorar aterrorizada; tinha havido um ataque terrorista e andavam todos aos tiros pelas ruas. E eu mal lhe ligava e só queria saber onde estava o carro.

De repente, acordo. A minha filha está de pé, ao lado da minha cama. Aqueles olhos grandes e assustados : Mãe, ouvi tiros na rua... posso dormir contigo?
Deixei-a aninhar-se debaixo do lençol e abracei-a com força, até que adormeceu de novo. Eu já não consegui dormir mais. E, a primeira coisa que fiz quando me levantei , foi abrir o estore e verificar se o carro estava onde o tinha deixado na véspera.

setembro 16, 2005


Vê-se num espelho desfocado numa imagem a branco e preto. Não se reconhece, toca o rosto e espera a reprodução do gesto do lado de lá no espelho. Em vão. O reflexo mantém-se imóvel, com um ar trocista enquanto a olha.
_ Não podes fazer isto, diz ela.
És a minha imagem , tens que imitar todos os meus gestos, obedecer-me. Eu sou a tua dona e tu não passas de um reflexo.
A imagem no espelho riu-se e disse: Tu não és nada, não vales nada. Eu vou tomar as rédeas da minha vida e tentar consertar o que estragaste. Já viste no que te tornaste? Não tenho que ficar presa a ti!
E escondeu-se nas profundezas do espelho, deixando a completamente sozinha. Nem direito à própria sombra ou imagem teria no futuro.
Lentamente deslizou para o chão e, estranhamente, começou a dissolver-se como se de um gás de tratasse. Desapareceu no ar, em brancas nuvens voláteis.
Então a imagem escondida saiu do espelho, riu-se atirando a cabeça para trás. Partiu depois o espelho em mil pedaços. Sem espelho e sem ela, seria livre para sempre. Esqueceu-se que era desfocada...

Sou gay!


Which Six Feet Under Family Member Are You Most Like?

David Fisher

If you are not already you may want to come out of the closet! You are a homosexual control freak! Who is just coming to terms with your sexuality.

Personality Test Results

Click Here to Take This Quiz
Brought to you by YouThink.com quizzes and personality tests.




As coisas que descubro acerca de mim na net! Porque não posso ao menos ser bi, hã?

setembro 15, 2005

Why can't life be like this?
Why can we just look in each other eyes and feel that love is a powerful chain that can never be broken?
Sometimes, at sunset, I look at the fields covered with orange autumn leaf's and hope that,somewhere, I'll fall asleep as the sun and, with me, all the problems sleep as well.
And my last words would be: " Wake me up when September ends".




De modo que a vida
É um circo de feras
E os entretantos
São as minhas esperas ...

setembro 14, 2005



O Correio da Manhã, esse belo jornal, contou-nos que o PDR ( esse estupendo partido), decidiu organizar uma manifestação anti gay e, durante esta, fazer um abaixo-assinado contra o programa da SIC Esquadrão G porque, segundo eles, este programa estimula o comportamento homossexual.

Ora eu cá acho que estes senhores estão um bocadinho atrasados no tempo e, por acaso, é óptimo que, pela primeira vez em Portugal se encare a homossexualidade de uma forma aberta e ainda melhor num programa familiar ao Domingo à noite.

Giro haver uns casais homo a passear pacificamente a namorar e a ver a manifestação...

setembro 13, 2005


Espreito o horizonte pela janela do carro.
À minha volta, risos e conversas formam um ruído de fundo do qual me alheio.
De repente, estou sozinha. Eu e o infinito, que percorre veloz a minha janela enquanto me perco com o pensamento dançando entre árvores e pequenos montes de vegetação seca.
Alentejo... planícies desertas pelas quais percorro caminhos que são só meus, tortuosos e difíceis, sem fim à vista.
O carro pára e eu fico ali sentada, imóvel, com o olhar preso num gato de olhos azuis; saem todos do carro e para o felino é como se não existissem, nem carro nem gente. Apenas em mim pousa fixamente o olhar, dirige-se à minha porta e abre-a nem sei como, afinal os gatos não abrem portas de carros.
Estende-me a pata que se transforma em mão e diz-me: Vem...
Sigo-o sem saber onde vai, para onde me leva, o que quer de mim, percorremos quilómetros de caminhos rurais e deitamo-nos no restolho seco do final de Verão.
E ali fecho os olhos, deixo que a realidade se misture com o sonho e fico de novo sozinha, debaixo de um céu que começa a estrelar, astros que mudam de cor e renovam o tom do firmamento, agora azul olhos de gato.

setembro 11, 2005

Gosto do Outono, das suas múltiplas cores e tons. Quando o sol se deita, todo o horizonte se tinge de laranjas vários, deixando prever a madrugada amena do dia seguinte. Entro em casa e sinto-a confortavelmente acolhedora, à minha espera. Aninho-me na cama e enrosco-me num cobertor, não sem antes deixar preparados os ténis para, de madrugada, ir aspirar o ar renovado pelo frio da noite. Percorro matas e caminhos estreitos; respiro o ar que cheira a terra recentemente molhada, deixo as gotas de orvalho entrarem em contacto com a minha pele, arrepio-me com uma aragem mais fresca. Oiço o chilrear matinal de pardais contentes que, como eu, percebem que aproveitam os últimos dias temperados para depois recolhermos num Inverno frio e cinzento.
Rituais de despedida numa manhã de quase Outono...

setembro 10, 2005


Entro num quarto carregado de memórias felizes.
Ainda se ouvem, lá ao longe os risos e gargalhadas trocados quando, entre brincadeiras, se adiava a hora de dormir pela vontade de partilhar presenças e emoções.
Olho em volta. A mobília, intacta, acumula pó de meses e as teias de aranha começam a invadir o espaço. Sinto um aperto no peito e corro a abrir as janelas de par em par para deixar que o sol me aqueça e o ar fresco e limpo substitua a atmosfera bafienta. Passo os dedos levemente pelos objectos e sinto-os vibrar debaixo dos meus dedos, contadores de histórias inacabadas que se perdem no fundo de mim.

Percebo então que o passado é isso mesmo: algo que já passou e nunca volta, por muito que de deseje. Tento perceber o que falhou, onde errei. Sinto que viveria tudo da mesma forma se fosse possível, falha talvez não tenha sido minha; há um lugar e um tempo para tudo e talvez tenha estado no sítio certo à hora errada.
Recuo devagar e saio do quarto. Encerro essa porta para sempre porque sinto que não pertenço mais ali. As janelas, essas, ficam abertas, para que as memórias voem e se libertem. Quem ocupar de novo aquele espaço necessita dele sem restos meus.

setembro 09, 2005

Deixemo-nos de tretas e falemos a sério: Ninguém Morre de Amor!!
Já viram alguém morrer e, quando se pergunta porque é que isso aconteceu, responderem que morreu de Amor? Bah!
A Vida é dinâmica, os sentimentos mudam, as relações começam e acabam.
Quem é "desamado" fica mal, claro. Mas não fica mal para sempre. Chora um mês ou dois, sente-se a pessoa mais feia que já viu, acha que o Mundo vai acabar ali mesmo; sente-se rejeitado, magoado, carente, triste e sem forças para continuar, claro. Amar a sério é lixado!
Chora-se um mês ou dois, não apetece ver ninguém, não se sai de casa porque simplesmente não se quer.

Mas depois começa-se a entrar em rotinas sem se dar conta; recomeça-se a rir, aos bocadinhos. A primeira vez que se ri só é perceptível depois. E surpreende.
Aos poucos, começa-se a sair; os homens à procura de presa fácil para, num narcisismo exacerbado, provarem a si mesmo e aos outros que ainda são capazes de fazer com que alguém se apaixone por eles. As mulheres saem só com amigas porque " não quero mais nada com gajos, são todos a mesma merda e acabamos sempre por nos magoar".

Às vezes ficam nesse impasse e tornam-se pessoas amarguradas, sozinhas, tristes. Personalidades fracas e incapazes de superar dificuldades emocionais.
Mas, a maioria das vezes, a magia acontece de novo para, como todas as magias, se desfazer mais cedo ou mais tarde. Ou não.



setembro 08, 2005


Gosto de me deitar contigo e sentir o teu cheiro quando enrosco em ti;
sentir o teu calor passar para a minha pele;
trocar beijos demorados antes de fechar os olhos;
saber o momento exacto em que adormeces, em que a tua respiração fica mais serena e demorada e tu relaxas nas profundezas do sono;
adormecer depois, abraçada a ti, sem pressas e sem stresses;
sentir-te tactear a cama enquanto dormes, à minha procura e me puxas para ti quando me encontras, enquanto me dás um beijo a dormir;
semi_acordar e saber que estás ali, ao meu lado, à distância de um toque;
Acordar ao mesmo tempo que tu, trocar beijos ensonados e preparar-me para a rotina do dia com brincadeiras, carinhos e cumplicidades;
despedir-me de ti com um sorriso e um beijo e fechar a porta atrás de mim...

setembro 07, 2005

Entra no mar enquanto choras.
Deixa que a chuva te adoce o sal do mar e das lágrimas.
Que te lave a alma de tudo o que de mau transportas contigo.
Mergulha e deposita no fundo do mar os teus piores receios e emerge para que, de novo, a chuva te limpe.
Mar, lágrimas e chuva. Três águas diferentes.
E quem sabe se, ao regressares à praia, o arco íris desponta enquanto o sol te aquece?

setembro 06, 2005

Descobri o que me vai fazer feliz:
Comprar o 24 horas e fazer a colecção de azulejos para, no final, ter um magnífico tabuleiro com o símbolo do Benfica.

De facto, cada um tem o país que merece...

setembro 02, 2005


A minha amiga Joviana publicou recentemente este livro, que me fez chegar gentilmente hoje às mãos.
É a sua quarta publicação, todas passadas sob o tema da Internet, com histórias de nos fazer sorrir e pensar.
Conheço a Joviana há alguns anos e conheci também pessoalmente alguns protagonistas dos enredos que descreve.
Vale a pena ler e o livro pode ser comprado on line aqui


setembro 01, 2005

Ora f....

9.00 - Chego ao emprego.
9.30 - Começam a chegar o resto das pessoas, com excepção de quatro que entraram comigo.
9.40 - Chega a Directora. Vai tomar café.
10.00 - A Directora senta-se à mesa de reuniões e começa a ver a Caras de ontem e depois vê revistas de receitas que alguém tinha deixado em cima da mesa, enquanto vai conversando acerca do mês de férias, dos fogos, dos funcionários públicos, etc.
10.30 - Hora de, por horário, irmos todos tomar café. Deveria ser até às 11h.
11.20 - Retorna a Directora que constatando a falta de uma pessoa por esta ter sido chamada à secretaria, continua a conversar.
11.30 - Finalmente, começamos a reunião.
12.50 - A Directora verifica que ainda estão imensas coisas por resolver (porque será?) e que há necessidade de continuar os trabalhos no período da tarde.


Aí, levanto-me e digo: Desculpe, mas eu estou aqui desde as nove da manhã. A reunião começou com duas horas e meia de atraso porque andaram aqui a encostar a perna à rã. Eu tenho doentes na Clínica marcados a partir das duas horas, por isso... eu não venho, mas vocês estão à vontade para continuar sem mim. Tenham um resto de bom dia!!


ORA FECUNDE-SE!!!!!!

1 de Setembro de 1985.
Entro na clínica pela porta da frente, de bata nova no braço.
A recepcionista, sorridente, cumprimenta-me:
_Bom dia, Terapeuta. Então, pronta para começar?
_ Claro, respondo com ar confiante.
Ar confiante por fora e a tremer por dentro. Era o meu primeiro dia de trabalho, o Curso acabado exactamente um mês antes e sentia que um novo mundo se abria para mim. Estava nervosa e soube então que as palavras de uma das minhas monitoras de estágio estavam certas: "O pior que nos podem fazer quando acabamos o Curso é porem-nos um doente à frente. Podemos ter tratado dezenas de casos parecidos durante os estágios, mas estar ali, com a inteira responsabilidade da melhoria ou cura daquela pessoa, é completamente diferente. E nunca mais nos esquecemos do nosso primeiro doente."
Pois não. Foi o sr. Justino, um homem bem disposto, com um AVC ligeiro que recuperou rapidamente.

1 de Setembro de 2005.
Recomeço daqui a poucas horas, depois de um mês de férias, o trabalho a tempo inteiro tendo recusado por motivos estrictamente pessoais o convite para um cargo de Direcção feito há dois dias atrás. Triste por não poder fazer mais e melhor pelos meus " meninos especiais", mas outros valores se levantam.

Nestes 20 anos, centenas de " srs. Justinos" me passaram pelas mãos, uns com maior outros com menor sucesso. Muita coisa mudou desde então, desde as tecnologias às metolodogias de intervenção. Uma coisa ficou igual: o empenho em dar a qualquer doente o máximo de mim, onde quer que esteja.
Porque gosto muito do que faço.